Ucanha é uma freguesia do concelho de Tarouca, que se encontra enquadrada ao longo da encosta que desce em direção ao Rio Varosa ou Barosa.
O topónimo Ucanha deriva de Cucanha, forma usada até ao séc. XVII, tratando-se de um vocábulo que pode designar casebre ou lugar de diversão.
O curso de água, acompanhado por salgueiros e amieiros, ampara uma ínsua entre a ponte de Ucanha e a ponte nova, a qual é desfrutada como praia fluvial.
Esta freguesia marca a entrada do antigo couto do Mosteiro de Salzedas, onde são conservadas ainda dentro do seu limite as ruínas da Abadia Velha de Salzedas.
A aldeia de Ucanha possui pouco mais de setecentos habitantes em duzentas casas mas, apesar de tão diminuta população, a descoberta de várias sepulturas escavadas na própria rocha, datadas da época vizinha dos primeiros séculos do cristianismo, levam a supor ter havido por ali gente a morar bons anos antes da fundação da Nacionalidade.
As casas, essencialmente unifamiliares, ornamentam-se de varandas em madeira, com o realce do vermelho, azul e verde nas suas pinturas. Com escadas exteriores apresentam quase sempre dois pisos, cujo piso térreo é utilizado para as lojas, destinado essencialmente para uso agrícola, enquanto o segundo piso se destina à habitação.
A Igreja Paroquial destaca-se entre o casario. Com talha muito trabalhada e rica. No seu interior encontra-se uma laje tumular datada do séc. XVII, e num pequeno nicho do lado esquerdo, três pequenas imagens em granito do séc. XV.
O ex-libris da vila é a Ponte e a Torre Fortificada.
A ponte fortificada constituía a entrada monumental no couto do Mosteiro de Salzedas. A torre servia de cobragem de portagem, defesa e armazenamento de produtos. A função militar era secundária, não existindo ameias no topo.
A sua existência já vem documentada no século XII. D. Afonso Henriques doou, em 1163, à viúva de Egas Moniz, Teresa Afonso, o couto de Algeriz, acrescentando-lhe o território de Ucanha.
Esta insólita fortificação além de rodeada de certo mistério é única em todo o território português.
A ponte deve ter sido construída pelos romanos, no seguimento de uma estrada que passava ali perto. A torre, com porta de acesso bem acima do nível do chão, tem vinte metros de altura e dez de cada lado da base, onde se encontra a seguinte inscrição "Esta obra mandou fazer D. Fernando, abade de Salzedas, em 1465".
Esta une duas freguesias, Ucanha e Gouviães, e estende-se sobre o refrescante rio Varosa. Deduz-se que a povoação se tenha desenvolvido devido à obrigatoriedade da passagem da ponte. A torre terá sido elevada, a partir do momento em que o convento de Salzedas adquiriu os direitos de portagem da mesma.
A pequena vila de Ucanha consegue conciliar monumentos históricos com o fresco da natureza.
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