30 de junho de 2011

São Petersburgo

A viagem a San Patersburgo foi sem dúvida das viagens mais marcantes que realizei até hoje.

Na medida que a burocracia para entrar nesta cidade russa é difícil de ser superada, devido aos vistos, decidimos chegar a San Petersburgo através do mar báltico, num cruzeiro que passava por esta bela cidade e nos dava a oportunidade de ficarmos atracados dois dias no porto da cidade.

Esculpida junto das ilhas e do sinuoso rio Neva, San Petersburgo reflecte uma visão de elegância geométrica.

A originalidade de São Petersburgo é que esta não se parece com uma cidade russa, nem como uma cidade europeia, é considerada a nova capital russa.

Toda a cidade foi classificada pela Unesco como Património da Humanidade.
 
A cidade forma um conjunto inigualável com uma série de palácios suburbanos, propriedades e parques maravilhosos.

São Petersburgo é um museu a céu aberto, ao viajarmos pelas suas ruas, canais, avenidas e monumentos encontramos um sentimento de serenidade reflectido por toda a beleza à nossa volta.

Os seus palácios, canais, pontes, e esculturas foram criados, projectados e colocados em lugares apropriados, para extrair da alma dos seus visitantes sentimentos majestosos.

O nome original da cidade é Sankt Petersburg, o objectivo era tornar esta cidade em capital Russa. O nome de São Petersburgo é de origem holandesa e alemã, que significa "castelo (forte) de San Pedro." Pedro o Grande, o nome em honra do seu padroeiro, São Pedro.

A cidade mudou de nome várias vezes, foi chamada de Petrogrado (que significa cidade de Pedro, adaptação para Petersburg) entre 1914 e 1924, e Leningrado (em homenagem a Lenin) entre 1924-1991, e novamente San Petersburgo, após um plebiscito.

Fundada em 1703 por Pedro, o Grande, é uma cidade muito jovem, mas que viveu muito tempo revoluções, invasões, regicidas, realizações literárias e artísticas, e um cerco cruel pelo exército nazista, cujas consequências ainda são evidentes entre a população mais velha.

Esta cidade é fascinante para os turistas que apreciam história, literatura, arquitectura, música e ballet, ou a arte em geral, esta cidade é o paraíso.

A minha grande expectativa na visita à cidade, para além dos museus e palácios era contemplar a arquitectura da Catedral de Nosso Salvador do Sangue Derramado. Construída em fins do século XIX, quando o país apresentava um grande impulso industrial e económico, a sua arquitectura em estilo russo medieval clássico, com torres coloridas decoradas com ouro, pedras preciosas, cruzes resplandecentes é de tirar o fôlego. Foi edificada no mesmo local onde o Tzar Alexandre II foi assassinado em 1881, razão pela qual seu nome faz referência ao Sangue Derramado.






Mas o seu nome oficial é Igreja da Ressurreição de Cristo e, por incrível que pareça, foi fechada pelo governo soviético a partir de 1930, tendo escapado por pouco da demolição, pois era vista como um inconveniente símbolo religioso em um estado oficialmente ateu. Apenas recentemente foi reaberta e está sendo submetida a um programa de recuperação. O interior da catedral é decorado com mosaicos de mármore, cobrindo todas as suas paredes e actualmente abriga um Museu.

A cidade como foi construída às margens do rio Neva, sobre centenas de ilhas de todos os tamanhos cruzadas por canais, a cidade ganhou o apelido de Veneza do Báltico. As suas pontes são belas obras arquitectónicas, bem como óptimos pontos de observação da cidade.



Nevsky Prospect é a principal via da cidade. Esta avenida concentra alguns do melhores hotéis, centros comerciais, restaurantes, mercados, bares e estabelecimentos diversos ao longo dos seus 4,5 km.

O Museu Hermitage é a principal atracção turística de São Petersburgo. Nenhum outro local na Rússia e poucos do mundo tem colecções de arte tão preciosas quanto aquelas expostas neste museu. Segundo a guia que nos mostrava o Museu, este é considerado o maior Museu do Mundo.







Construído entre 1754 e 1762, graças à Tzarina Catarina a Grande, nele chegam a constar 2,7 milhões de peças, cobrindo um período que vai do Egipto antigo até a Europa do século XX. Em destaque estão obras de Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rembrandt, Van Gogh, Matisse, Gaugin e Rodin. O monumento onde se encontra o Museu é conhecido com Palácio de Inverno, pois foi uma das residências dos Tzares russos.

Evidentemente que seria impossível apreciar todas as obras do Hermitage numa única visita, mas num tour de duas ou três horas conseguimos apreciar as obras mais importantes. O prédio onde se encontra o Hermitage é igualmente belíssimo, e mesmo numa cidade repleta de belezas arquitectónicas, este palácio verde e branco em estilo barroco destaca-se pelas suas dimensões e imponência. No seu interior não apreciamos apenas os quadros, mas também os adornos do palácio e as esculturas que embelezavam os salões imponentes.

Em frente à Praça do Palácio destaca-se a Coluna de Alexandre comemorativo da vitória de Alexandre II sobre as tropas de Napoleão Bonaparte. No topo da coluna situa-se um anjo a segurar uma cruz, e consta que o rosto do anjo foi modelado de forma a reproduzir as feições do imperador.

Outra atracção da cidade é a fortaleza de Pedro e Paulo, cuja construção foi concluída em 1740. Esta é a própria origem e núcleo inicial da cidade, e o seu nome deriva dos santos padroeiros de São Petersburgo. Situada na pequena ilha de Zaichy Ostrov, esta cidadela abriga uma catedral, museu, uma antiga prisão, um cais e outros prédios administrativos.



O ponto de destaque desta fortaleza é a Catedral, erigida em 1723. A sua torre foi outrora o prédio mais alto da cidade, e o seu interior abriga as sepulturas de todos os tzares russos e seus familiares, desde a época de Ivan o terrível até Nicolau II, executado em 1918. Também a sepultura de Pedro, o Grande está na catedral da fortaleza.

Outra catedral importante na cidade é de São Isaac com a sua imponente colunata, é o templo mais ostentoso da cidade. Por trás da fachada triangular apoiada em colunas gregas, uma cúpula circular apoiada numa nova série de colunas destaca-se na silhueta da cidade, e oferece um ponto ideal para tirar fotos da cidade. A sua cúpula é considerada a 4º maior cúpula da Europa.







Para subir ao cimo da cúpula é necessário pagar, mas vale a pena porque a vista deste local é surpreendente.



Os palácios são outra das atracções desta magnifica cidade. O que mais me supreendeu foi o palácio do Pedro o Grande situado em Peterhoff (ou Petrodvorets). Este palácio construído por Pedro o Grande junto ao Golfo da Finlândia pode ser considerado como a resposta russa a Versalhes. A construção original foi erguida entre 1714 e 1725, mas posteriormente outras alas e pavilhões foram gradualmente anexados ao conjunto. Actualmente podemos visitar dezenas de aposentos, com interiores ricamente adornados, no entanto não é permitido fotografar dentro do palácio. Os jardins de Peterhoff são decorados com estátuas, fontes, canais, cascatas, alamedas floridas e diversos recantos temáticos. O passeio que realizamos por estes jardins espelhou o encanto da natureza conjugada com os adornos das fontes e dos monumentos que nos fomos cruzando.





Durante a segunda guerra Peterhoff foi seriamente danificado pelos bombardeios nazistas, e no local há exposições fotográficas exibindo o estado deplorável do palácio em 1945. Somente com o tempo e com maciços investimentos, Peterhoff vai voltando a ostentar a glória dos tempos imperiais.






Perto do palácio de Pedro o Grande encontramos a catedral de Peterhoff. Uma bela catedral que representa a arquitectura Russa. Todos os pormenores desta catedral são belíssimos e não me cansei de apreciá-los.



Tsarskoye Selo é outro palácio que não pode ser esquecido. Conhecido simplesmente por Pushkin, este palácio está situado somente a 25 km ao sul da cidade. O monumento é caracterizado pelas cores de dourado, azul e branco que representam o Palácio de Catarina. O nome deve-se à imperatriz Catarina a Grande, segunda mulher de Pedro. Originalmente construído entre 1717 e 1723, o palácio apresenta uma fachada primorosamente adornada em estilo barroco, e no seu interior destacam-se o Salão de Espelhos e o Grande Salão. Igualmente impressionante é o Salão de Âmbar, totalmente revestido com este caríssimo material. Durante a guerra todo este âmbar foi pilhado pelos nazistas e levado para a Alemanha, e somente aos poucos e a um altíssimo custo, a sala foi posteriormente recuperada.



Foi deste palácio que o último Tzar russo, Nicolau II, e sua família foram levados pelos bolqueviques, após a revolução russa. Conduzidos até a Sibéria, seriam todos executados em 1918. Até hoje conta-se a história de Anastácia, filha mais nova do Tzar, que, segundo a lenda, teria conseguido escapar dos revolucionários e sobrevivido, vivendo para sempre anónima em local desconhecido.

São Petersburgo é famosa pelas suas "noites brancas" a partir do mês de Maio até Julho.
O sol praticamente se esconde por trás do horizonte, formando um crepúsculo. Parece que em toda a cidade inadvertidamente surge uma névoa, que anula a fronteira entre o dia e a noite. Este fenómeno incrível da natureza é devido à posição geográfica de São Petersburgo para a sua proximidade com o Círculo Polar Árctico. As noites brancas não são observadas não só em São Petersburgo, mas também em outras cidades do norte, mas em São Petersburgo é o símbolo natural da cidade. É o momento do ano em que a cidade se torna mais romântica.



A cidade à noite é muito movimentada, as atracções nocturnas são os teatros, óperas e principalmente o ballet russo e o folclore.

Não deixei de comprar um souvenir, fui confrontada com várias recordações entre elas garrafinhas de vodka, chocolates, ovos da Páscoa e as bonecas Matryoshkas. Escolhi a boneca Matryoshkas que é conhecida em todo o mundo como símbolo a Rússia, representando a família.

Considero São Petersburgo uma cidade repleta de arte, encanto e de uma enorme beleza.

29 de junho de 2011

20 de junho de 2011

Tallinn


A cidade de Tallinn (também conhecida pelo seu nome antigo Revel) é a capital e principal porto da Estónia. Esta cidade está localizada na costa norte da Estónia no Golfo da Finlândia.

Tallinn foi declarada Património Mundial, classificado pela UNESCO em 1997.



Sempre tive grande expectativa em visitar Tallinn, não só por ser considerada Património da Humanidade, mas também por ser considerada uma Cidade Medieval. Todos os locais que visitei até ao momento que me transportaram para a época medieval são considerados os meus locais de eleição, logo não duvidaria que a visita a Tallinn ficasse guardada nas minhas recordações e nos momentos que considero únicos.



Historicamente podemos distinguir três áreas na cidade:

- Toompea, a "colina da catedral", onde se situava a autoridade central, os bispos e a nobreza do Báltico, hoje abriga o governo estónio e várias embaixadas e residências. Passando a majestosa Porta da Torre, com um telhado vermelho, que data de 1380, encontramos:
- O Parlamento da Estónia
- Catedral de St. Mary Virgin.
- Catedral Alexander Nevsky

 - Cidade Velha ("Vanalinn") é realmente a parte mais baixa da cidade, que fica no sopé da Colina da Catedral. Nas ruas da cidade velha encontramos edifícios alinhados e a maioria do séc. XV-XVII, esta zona da cidade manteve intacta a atmosfera típica da cidade medieval. Esta parte da cidade não estava ligada à Colina até o final do século XIX.

- Por fim temos a cidade moderna, que fica ao sul da cidade velha, onde estonianos se estabeleceram.

A cidade foi atacada e saqueada várias vezes ao longo de sua história. A cidade antiga, que foi bombardeada durante os últimos anos da Segunda Guerra Mundial, ainda mantém o seu encanto.




Antes de entrar na cidade medieval, do navio já avistava as pontas das torres mais altas da cidade, entre elas da igreja de Santo Olavo. A sua construção data de 1267, e ao que consta, a igreja recebeu este nome graças ao rei norueguês Olav II Haraldsson, que foi canonizado como Santo Olavo, tido como protector dos navegantes. A sua torre tem 159 metros de altura, no século XVI era a construção mais alta da cidade, o que lhe conferia uma posição não somente religiosa, mas também de importante marco de orientação para as embarcações que se aproximavam do porto de Tallinn.

A cidade medieval é pequena, é um lugar para ser percorrido a pé, com calma, e ir descobrindo cada recanto da cidade. Percorremos as ruelas estreitas e sinuosas cruzando-nos com museus, lojas e igrejas. Entre as ruelas não deixamos de apreciar cada pormenor ilustrado pelo caminho, desde as calçadas, aos nomes das lojas, aos letreiros do comércio tradicional, entre outros. É fabuloso o estado de preservação desta cidade!






A animação das ruas é surpreendente, uma vez que nos cruzamos com pessoas vestidas à época medieval a recitar poemas e a interagirem com os turistas e tivemos a oportunidade de presenciar bancas típicas da época medieval a venderem doces regionais, onde as Estonianas estavam vestidas com roupas típicas da época.






Entre ruelas e caminhos medievais fomos ter à Praça da Câmara Municipal, dominada por um edifício de estilo gótico, considerado um tesouro nacional. Construído entre 1402 e 1404, a torre da Câmara é o principal marco da cidade, além de ser considerada o prédio medieval mais bem preservado da Europa setentrional. Contudo, considero que esta praça é importante não só pela presença deste belo edifício, mas também pelo movimento vivido neste local, pela mercado tradicional que está instalada no meio da praça, bem como pelos prédios históricos e muito bem preservados que rodeiam este local e que representam o coração histórico de Tallinn.





Neste local não deixamos de comprar os souvenirs no mercado tradicional. A moeda local é a Coroa Estoniana, abreviada como EKK, mas neste mercado aceitam euros, o que facilita a compra.

Como referi anteriormente a cidade medieval divide-se em Cidade Alta (Toompea ) e Cidade Baixa (Cidade Velha), e um dos prazeres de caminhar por este local é descobrir aos poucos pequenas passagens medievais, aparentemente esquecidas pelo tempo. Um lugar que descobrimos por acaso, e que mais tarde soubemos que é uma das principais atracções da Tallinn medieval é a Passagem de Santa Catarina. É impressionante a atmosfera medieval que se vive neste local.



Visitamos várias igrejas medievais, entre elas a Igreja de São Olavo, a Igreja de São Nicolau, construção do século XIII que abriga em seu interior algumas das obras de arte mais valiosas do país, e a Igreja do Espírito Santo, consagrada no século XIV. A religião predominante na Estónia é a Luterana, praticada por um terço da população, seguida de perto pela religião russa ortodoxa. Somente 3% da população é católica.



Outra das atracções desta cidade é uma farmácia considerada a mais antiga da Europa, foi fundada em 1422 e permanece preservada até à actualidade. Entramos na farmácia e visitamos o seu Museu, a entrada é gratuita.


Na Cidade Alta (Toompea), encontramos uma fortificação intercalada por diversas torres fazendo o contorno da cidade medieval. Algumas destas torres são consideradas símbolos da cidade. Uma das torres mais conhecidas é a Torre do Canhão, construção do século XVI e a pouca distância estão também as torres Nunna, Sauna, Kuldjala e Neitsitorn, sendo que esta última é conhecida especialmente por ter servido, durante a idade média, para aprisionar mulheres acusadas de prostituição.




Ao longo da caminhada pela cidade fomos nos apercebendo da influência russa que predomina na cidade, nomeadamente a Catedral Alexander Nevsky, uma catedral ortodoxa estoniana, construída entre 1894 e 1900, o período no qual a actual Estónia fazia parte do Império Russo. O seu interior é revestido com mosaicos e merece ser visitado.



No cimo da colina encontramos o Castelo de Toompea, um dos mais antigos da Estónia, construído entre o séc. XIII e XIV. Através do castelo temos acesso a vários miradouros, onde podemos apreciar toda a cidade.



Os miradouros não se encontram apenas no interior do castelo, mas também em recantos encontrados em Toompea.



Considero a cidade histórica de Tallinn pequena, mas muito marcante, o que senti ao percorrer as ruas medievais vai ficar gravado para sempre na minha memória e no meu coração, foi um momento inesquecível.