7 de novembro de 2011

Mont-Saint-Michel


A sabedoria não nos é dada. É preciso descobri-la por nós mesmos, depois de uma viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós.
(Proust)


O nosso percurso pela Bretanha continuou e após abandonarmos Josselin rumamos para o destino primordial – Mont- Saint-Michel.

A primeira vez que vi imagens do Mont –Saint Michel foi num artigo de uma revista cujo titulo era “Locais que deveríamos visitar uma vez na vida”. Quando me deparei com a imagem de uma fortaleza medieval enlaçada pelo mar, situada num local distante, fiquei fascinada. Olhei para a imagem vezes sem conta, como se estivesse enfeitiçada pelo local e comecei a sonhar com o dia que poderia me defrontar com aquele deslumbramento. Procurei de imediato ver onde se situava tal fascínio, e constatei que se localizava em França, a partir desse momento aquela imagem permaneceu na minha mente durante 2 longos anos até concretizar o sonho de contemplar presencialmente aquele local mágico e único. 

Escolhi uma data comemorativa para realizar a visita ao Mont Saint Michel, o dia que celebrava mais um ano de partilha e união com o meu marido. Deste modo, escolhi um local único para celebrar um momento memorável. 

Na grande caminhada realizada desde Portugal até este local foram várias as cidades encantadoras que nos fascinaram, contudo as horas aproximavam-se para apreciar a beleza daquele monte rodeado de magia, o meu coração disparou quando o observei de longe, ainda do outro lado da estrada. É inarrável a sensação que presenciei quando me defrontei com aquele monte resplandecente iluminado pelo sol e abraçado pelas águas do mar.


O Mont-Saint-Michel localiza-se na foz do rio Couesnon, na costa da Normandia. Desde 1979 que é um Património da Humanidade na lista da Unesco. 



A sua beleza não se centra apenas na sua fortaleza e na sua esplêndida abadia no cimo do monte, mas também no meio envolvente. Este é o lugar do mundo onde ocorrem os maiores desníveis entre marés altas e baixas, podendo a diferença chegar a quinze metros.

Dependendo da época do ano, a cidadela medieval pode situar-se no meio de um areal sem fim, ou então completamente envolvida pelas águas, como se fosse uma ilha, ligada à terra somente por uma estrada, que impede que o local fique isolado durante as marés cheias. Este local, dependendo da hora ou do dia da visita poderá assumir um cenário completamente diferente.

Quando lá chegamos o mar envolvia o monte, contudo esperamos que a maré baixasse para iniciarmos a nossa visita. 



O nome do local - Mont Saint Michel - surgiu porque no ano 709, o arcanjo São Miguel realizou uma aparição ao bispo da cidade de Avranches, determinando que fosse construída, no topo daquele rochedo isolado à beira mar, uma capela para honrar o Senhor. A tarefa difícil seria considerada uma prova de fé, e representaria também uma protecção espiritual. 



A tarefa foi cumprida, a capela foi erguida, e no topo da mesma foi colocada uma imagem do arcanjo São Miguel. O mosteiro passou a abrigar religiosos, sendo que com o tempo nas encostas do morro surgiram outras construções, residências e estabelecimentos comerciais. Posteriormente foram erguidas muralhas e torres fortificadas, destinadas a manter afastados os invasores.

O local não tem importância apenas religiosa, ou arquitectónica, mas também estratégica. Conta-se que no século XII, durante a Guerra dos 100 anos, entre França e Inglaterra, 119 cavaleiros franceses se enclausuraram no monte e não permitiram que os ingleses tomassem a fortaleza.

O conjunto de construções e o ambiente que integram o Mont Saint Michel, formam um verdadeiro labirinto, que deve ser explorado por inteiro. As ruelas de estilo medieval são sempre a subir até chegarmos à abadia, são rodeadas de lojas e restaurantes e o movimento é tanto que sentimos dificuldade em movermo-nos nas ruas.







A parte superior do monte é dominada pela abadia de Saint Michel, denominada de "La Merveille", ou seja, A Maravilha. Contudo a beleza não se fica apenas pela abadia, também existe o mosteiro. Após visitarmos a abadia prosseguimos por diversos espaços: salões, arcadas, câmaras escuras, rampas, jardins internos, o refeitório dos monges e outros ambientes, todos em pedra, que nos transportam para a era medieval. 










O local que mais apreciei foi o claustro, situado num dos planos mais elevados de St Michel, e o acesso até ele situa-se logo após um pátio interno, na saída da abadia.




Em seguida, percorremos as muralhas e desfrutamos das belas vistas sobre o mar.

Na medida que este é um local muito significativo, decidimos ficar hospedados num hotel perto da cidadela medieval, de forma a contemplarmos a sua beleza à luz da lua. 



É indiscritível a imagem que se forma da cidadela iluminada pelo luar, as luzes cintilantes circundadas pelo breu da noite espelham a beleza única deste local.

Após realizar esta visita inesquecível sinto que o Mont-Saint-Michel vai ficar registado na minha mente para sempre, como um local inefável que enalteceu os meus sentidos deixando que estes vagueassem pela minha alma até repousarem num momento que vai ficar gravado eternamente.


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