Depois de descrever os locais percorridos fora do nosso país, finalmente volto a dedicar-me aos percursos que realizei pelo nosso Portugal. Como já referi num outro tópico percorrer os recantos de Portugal tem sido uma prioridade, sempre que tenho disponibilidade visito parte do nosso património cultural e religioso. A cada visita constato que o nosso país é repleto de recantos que seduzem os visitantes. Foram vários os locais que percorri e que ainda não tive oportunidade de partilhar, assim vou retomar a narração das visitas realizadas pelo nosso país.
Um dos locais imperdíveis é a cidade de Braga. Braga situa-se no coração da verdejante região do Minho, no Noroeste de Portugal, rodeada por uma paisagem magnífica. A cidade, um dos maiores centros religiosos de Portugal, é reconhecida pelas suas igrejas barrocas, pelos esplêndidos solares do século XVIII e pelos belos parques e jardins.
Esta cidade era conhecida no tempo dos romanos como Bracara Augusta e sede do episcopado português no século XII. Também é igualmente conhecida hoje em dia pela “Cidade dos Arcebispos” ou mesmo pela “Roma Portuguesa”.
As ruínas de Bracara Augusta, uma cidade fundada pelo Imperador Augusto entre 300 e 400 a.C., ainda hoje subsistem. Bracara Augusta tornou-se a capital romana do norte da Ibéria e foi posteriormente ocupada pelos Visigodos e Árabes. Desde a década de 1970, foram encetados esforços para preservar as estruturas do complexo arqueológico ainda remanescente.
A longa história de Braga é visível nos seus monumentos e igrejas, a igreja mais imponente é a Sé, que exibe vários estilos, do romano ao barroco, orgulhando-se também das esplêndidas casas, particularmente do século XVIII.
A catedral de Braga é a mais antiga de Portugal, esta contém inúmeros tesouros de arte sacra. A construção teve início em 1070 e foi influenciada por diversos estilos, como o Gótico, o Renascimento e o Barroco. Os seus elementos mais relevantes são as torres sineiras e o tecto manuelino, bem como o altar esculpido e os órgãos barrocos. Os túmulos de Dom Henrique e Dona Teresa, pais do primeiro rei de Portugal, encontram-se na Capela dos Reis.
Fiquei fascinada com os órgãos de tubos desta catedral.
Depois de visitarmos a Sé da cidade continuamos o nosso percurso e cruzamo-nos com o Jardim de Santa Bárbara datado do século XVII, esta praceta ajardinada fica perto do antigo Palácio Episcopal e contém flores coloridas, plantas luxuriantes e belos arbustos esculpidos.
Percorremos as ruas históricas da cidade de deparamo-nos com o Largo do Paço, situado no centro histórico de Braga, é constituído por um conjunto de edifícios que foram a antiga residência dos Arcebispos, conhecida como Paço Episcopal Bracarense.
Este é constituído por quatro edifícios, onde actualmente se situa o Salão Nobre da Universidade do Minho, a Biblioteca Pública de Braga e o Arquivo Municipal. Neste local também se encontra o pelourinho da cidade.
Continuando o nosso percurso encontramos o Arco da Porta Nova, a porta de entrada da cidade de Braga. Esta "nova" porta da cidade foi aberta em 1512, no tempo de Arcebispo D. Diogo de Sousa. A construção desta porta marca o momento em que a cidade saiu das suas muralhas e começou a crescer para o seu exterior.
Percorrendo as ruas da cidade fomos descobrindo vários monumentos, entre eles o Palácio do Raio, ou Casa do Mexicano é um palácio construído em 1754-55, por encomenda de João Duarte de Faria, poderoso comerciante de Braga, é um dos mais notáveis edifícios de arquitectura civil da cidade de Braga, em estilo barroco joanino. O palácio foi vendido em 1853, por José Maria Duarte Peixoto, a Miguel José Raio, visconde de São Lázaro, ficando conhecido como Palácio do Raio. Actualmente pertence à Santa Casa da Misericórdia de Braga e está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1956.
No centro histórico da cidade deparamo-nos com várias igrejas que representam o centro religioso de Portugal. Entre elas a igreja de Santa Cruz, construída no século XVII, que exibe uma intrincada fachada de pedra em estilo barroco maneirista. O interior elaborado inclui um órgão e púlpitos com talha dourada, uma nave muito alta e belíssimos painéis de azulejos.
A Igreja do Pópulo está incluída no Convento do Pópulo e onde se venera a imagem da virgem da Igreja de Santa Maria del Popolo em Roma. A construção de todo o conjunto arrastou-se pelos séculos XVI ao XIX.
Também visitamos a Capela dos Coimbras de provável origem românica, a capela de traça gótica que hoje observamos remonta a 1528, tendo sido edificada no consulado do Arcebispo D. Diogo de Sousa, por artistas da Biscaia, contratados por este prelado, para a execução de diversas obras na cidade medieval de Braga.
O património religioso e cultural não se reúne apenas na zona central da cidade, mas também em seus arredores.
Fora da zona histórica da cidade, situado numa colina a cerca de 5 km a sudeste ergue-se o Santuário do Bom Jesus do Monte, um importante local de peregrinação. Este santuário é considerado um dos mais belos de Portugal. A igreja neoclássica, rodeada por magníficos jardins, foi projectada por Carlos Amarante em finais do século XVIII. A famosa escadaria barroca serpenteia até à igreja, com encantadoras fontes e estátuas ao longo do percurso. Os visitantes podem optar por apanhar o funicular ou conduzir até ao topo para desfrutar das vistas esplêndidas. Num patamar médio, encontra-se o primeiro miradouro, do qual se avista a cidade de Braga e paisagem envolvente.
A atração deste local não se fica pelo santuário, mas também pelos seus jardins, espelhando um espaço místico, envolvido por árvores centenárias e por uma riqueza espiritual.
Também visitamos o Monte do Sameiro, onde uma estátua colossal de Nossa Senhora vigia atenta a cidade O Santuário do Sameiro, cuja construção se iniciou em meados do séc. XIX, é o centro de maior devoção mariana em Portugal, depois de Fátima. O Templo, concluído no nosso séc., destaca-se no seu interior o altar-mor em granito branco polido, bem como o sacrário de prata. Em frente do Templo ergue-se um imponente e vasto escadório, no topo do qual se levantam dois altos pilares, encimados da Virgem e do Coração de Jesus.
Outra atracção desta cidade é a igreja e mosteiro de Tibães, considerado um dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal. A fundação deste monumento, é anterior à nacionalidade, sofreu dura e implacavelmente as vicissitudes do tempo e dos homens. Nos finais do século XI, foi fundado o mosteiro românico, que recebeu em 1110, Carta de Couto, doada pelo conde D. Henrique. Em 1567 tornou-se Casa-mãe da Congregação de São Bento de Portugal e do Brasil. Comprado pelo Estado Português em 1986, vazio e em avançado estado de degradação, iniciou-se então a sua recuperação e dinamização cultural.
Realizamos uma visita guiada a este esplêndido monumento histórico, onde enriquecemos os nossos conhecimentos históricos.
Por fim, visitamos a Citânia de Briteiros, situada nos arredores da cidade. Este é um impressionante local arqueológico da Idade do Ferro, considerado um dos locais arqueológicos mais bem preservados da região do Minho. Neste encontram-se os vestígios de um castro celto-ibérico que remonta a 300 a.C. Os arqueólogos descobriram as fundações de mais de 150 construções de pedra, estradas pavimentadas, currais e condutas de água e duas das casas foram reconstruídas no local.
A visita à cidade e seus arredores foi realizada em vários dias e através desta reconhecemos que os belos e elaborados jardins, elegantes casas senhoriais e palacetes e todo este legado barroco conferem a Braga uma imagem única, característica da região Minhota.
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