9 de junho de 2011

Berlim



Capital da Alemanha, Berlim é uma cidade dominada por acontecimentos culturais - ópera, galerias e museus, festivais de cinema e de teatro.

No final do século XIX e até aos anos quarenta do século passado, Berlim foi a grande metrópole europeia com tanto prestígio como Paris. A 2ª Grande Guerra fez com que ficasse partida ao meio, o que fez com que perdesse parte da sua fama. Agora, com a Alemanha reunificada, Berlim é de novo a capital da grande Alemanha e o centro da Europa. O seu nome tem magia ligado ao facto de, inúmeras vezes, ter sido palco da História: foi capital da Prússia e do Império Alemão, foi dividida depois da guerra, centro das atenções mundiais durante o bloqueio dos soviéticos em 1948 e durante a queda do muro a 9 de Novembro de 1989.

Para conhecer Berlim - como aliás qualquer outra cidade - o melhor é andar a pé. Iniciamos a visita à cidade dando um passeio no bairro Nicolau, com as suas casas antigas e no meio do qual se ergue a Câmara Municipal, conhecida por “a Câmara Vermelha” (Rotes Rathaus) por ter sido construída em tijolo vermelho. Em frente à Câmara encontramos uma bela fonte, com o Neptuno como figura principal entre outras figuras mitológicas.





Deste espaço já avistávamos a famosa torre de televisão (Fernsehturm) de 365 metros, acabada de construir em 1969 e no cimo da qual existe um restaurante e uma plataforma panorâmica.

Em seguida seguimos pela avenida Karl Liebnecht apreciando o movimento envolvente até chegarmos à belíssima catedral da cidade, a Berliner Dom. Não deixamos de visitar o seu interior, e apreciar o grandioso órgão, bem como o púlpito em estilo neo-barroco, os vitrais e os sepulcros dos membros da família real, situados no sub solo.





Prosseguindo a caminhada e cruzando o rio Spree chegamos à avenida Unter den Linden, palco de inúmeras manifestações durante o poderio nazi, ladeada de monumentais palacetes que durante os 40 anos da R.D.A. albergaram as embaixadas dos países socialistas. O grande número de palácios existentes em Berlim deve-se ao facto de ter sido capital durante tanto tempo. Cruzamo-nos com os belos prédios da Ópera, Biblioteca Nacional e Universidade Humbold, construída em 1810; foi aqui que estudou Karl Marx entre 1836 e 1841, e com muitos outros monumentos e igrejas.






A alameda termina na Porta de Brandeburgo, um dos emblemas de Berlim. Esta porta triunfal, com as suas seis colunas dóricas a suportar a parte superior no cimo da qual está a quadriga da vitória, tornou-se no pós-guerra no símbolo da divisão da cidade. Construído no século XVIII, durante o reinado do Kaiser Friedrich Wilhelm II, o Brandenburger Tor é muito mais do que apenas um monumento e representa a própria união da Alemanha, onde agora todos podem ir e voltar onde e quando quiserem. É quase impossível passar entre as suas seis colunas e não sentir um arrepio!




Seguimos até a Praça da Grande Estrela, no centro da qual está a enorme (67 metros) Coluna da Vitória (Siegessäule), erigida por ordem do Imperador Guilherme I em memória das vitoriosas guerras prussas. Este monumento costuma ser o ponto central de manifestações.



Deste local seguimos em direcção ao rio Spree, nas margens do qual se encontra o Palácio Bellevue, a residência oficial do presidente alemão. Quando presidente se encontra em Berlim, a bandeira alemã é hasteada no telhado do edifício.

Regressamos à Praça da Grande Estrela, e rumamos para a rua comercial com mais prestígio, a Kurfürstendamm, mais conhecida por Ku'Damm, aberta em 1881 por iniciativa de Bismarck e que está animada de manhã à noite.

Perto desta rua encontramos a Igreja da Memória (Gedächtniskirche), mandada construir entre 1891 e 1895 pelo imperador Guilherme I; a igreja foi destruída durante a guerra e não foi reconstruída para ficar de aviso às gerações futuras.



Ao longo da grande caminhada pela cidade íamos parando pelas barraquinhas típicas para saborearmos os cachorros quentes, com batatas fritas e a característica cerveja para acompanhar.



Outra das atracções da cidade é o muro de Berlim, embora este já tenha deixado politicamente de existir em 1989, a cidade ainda conta com alguns restos do muro em diversos pontos da cidade. Aos poucos este símbolo da guerra fria foi sendo demolido, e hoje em dia, o pouco que restou são fragmentos mantidos em pontos espalhados pela cidade, a título de marco histórico e também, como alerta sobre os malefícios a que podem conduzir escolhas políticas erradas.



O muro surgiu como consequência directa da chegada de Hitler ao poder na Alemanha, em 1933. Derrotada em 1945 pelos aliados, a Alemanha foi dividida entre americanos, soviéticos, franceses e ingleses. A exemplo do que ocorreu com o país, a capital Berlin também foi dividida em quatro partes, igualmente administradas, respectivamente, por Estados Unidos, União Soviética, França e Inglaterra.

A 13 de Agosto de 1961, os soviéticos decidem construir, da noite para o dia, um muro, isolando o lado aliado do resto da cidade. Ao contrário do que muitos pensam, o muro não separava apenas as duas metades da cidade. Na verdade ele era ainda mais extenso, e contornava toda a cidade de Berlin aliada, isolando-a do território comunista à sua volta. Na visão dos soviéticos isto impediria o vírus democrático de espalhar-se para o resto da Alemanha oriental. Famílias, amigos, parentes, trabalhadores e centenas de milhares de outras pessoas ficaram surpresas na manhã do dia 13 de Agosto de 1961, e muitos daqueles que por infelicidade moravam em lados opostos do muro, foram obrigados a passar 28 anos sem se rever, já que os soviéticos não permitiam a livre passagem entre os dois lados da cidade.

Por estas razões esta cidade é um símbolo histórico que espelha muita injustiça, infelicidade e desumanidade que foi quebrada com o desmoronar do muro de Berlin.

E em 9 de Novembro de 1989, os 28 anos de divisão de Berlin chegam ao fim, quando naquela mesma noite uma multidão em êxtase sobe no muro e abre os seus portões. Em toda a cidade Berlinenses do leste e do oeste encontram-se e comemoram.

No Museum Haus am Checkpoint Charlie podemos ver centenas de fotos, documentos, vídeos e muitos outros objectos relacionados ao muro de Berlin.

Muitos dos pedaços do muro demolido foram transformados em souvenirs. Como não acredito que esses pedaços do muro sejam autênticos não comprei esse souvenir, no entanto se fossem verdadeiros os pedaços do muro poderiam dar a volta ao mundo.

Outro local emblemático que encontramos na cidade foi o Memorial do Holocausto, inaugurado em 2005, composto por 2.711 lajes de pedra cinzenta. Este monumento foi mandado construir em homenagem às vítimas do holocausto. Estas colunas espalhadas servem como metáfora ao horror vivido no holocausto.



As 2711 colunas de cimento representam um acto simbólico e inédito pela primeira vez, uma nação erigiu um monumento no centro da sua capital para recordar um crime que cometeu. Concebido pelo arquitecto judeu americano Peter Eisenman, o Memorial fica situado junto ao Parque Tiergarten, entre a Porta de Brandeburgo e a Praça de Potsdam; uma localização carregada de história, ex-corredor da morte, por trás do Muro de Berlim, a alguns metros da chancelaria de Hitler e do bunker onde este se suicidou a 30 de Abril de 1945.

Outro ponto turístico da cidade é o monumento do Parlamento (Reichstag), construído em 1894, serviu como sede da República de Weimar até 1933, quanto foi incendiado pelos nazistas. Com a derrota de Hitler em 1945, e invasão da cidade pelas tropas soviéticas, foi completamente destruído. Durante os anos de divisão do país, o parlamento ficou sediado na cidade de Bonn.



Outra atracção é o Palácio de Charlottenburg (Schloss Charlottenburg), construído a partir de 1695, ele é o principal palácio da cidade, e serviu como residência de verão da imperatriz Sophie Charlotte.



O principal parque de Berlin é também um dos maiores do mundo: Tiergarten. O seu nome deriva de uma floresta que existia nesta região, ainda no século XVII, onde os soberanos tinham por hábito praticar caça. Em 1830 a floresta foi transformada num parque.

Terminamos a nossa visita a Berlim na praça Praça Gendarmenmarkt, uma praça monumental onde encontramos o teatro (concert hall), a igreja Deutsche Friedrichstadtkirche, e a igreja francesa (Franzosische Friedrichstadtkirche) em homenagem aos huguenotes que foram expulsos da França em 1685 e vieram rumo a Berlim até o começo do século XVIII.




É difícil visitar Berlin e não nos emocionarmos perante as passagens históricas pelas quais a cidade passou - liderada por um tirano; arrasada no fim da guerra; possuída pelas potências vitoriosas; isolada por um muro, durante 28 anos, separando vidas e em 1989, graças à força do povo, renasceram e uniram-se novamente formando uma só força.

Hoje, considero Berlim o centro da cultura, um dos principais centros urbanos da Europa, uma cidade fascinante e movimentada.

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