Montalegre é uma vila do distrito de Vila Real., esta é uma região muito pluviosa e com muitas nascentes, as suas águas dividem-se no planalto dando origem aos rios Cávado, Tâmega, Rabagão e a um grande número de ribeiros que atravessam esta região montanhosa e dão vigor aos prados naturais.
Este concelho enquadra-se na região chamada "Terra Fria", zona de profundos contrastes com Verões quentes e Invernos rigorosos e parte do concelho de Montalegre está inserido no importante Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Um pouco por toda a região encontram-se vestígios arqueológicos que mostram uma presença humana já desde tempos pré-históricos, de facto no local onde se encontra a vila de Montalegre, é provável que tenha existido um povoado castrejo pré-histórico que, mais tarde, teria dado lugar a um povoado de vocação agro-pastoril. Por Montalegre habitaram Lusitanos, Celtas, Visigodos, Suevos e, claro, Romanos, que deixaram um importante património arqueológico, tendo sido posteriormente uma terra importante na Idade Média, dado a sua localização estratégica. Montalegre conta, pois, com uma interessante história e um património rico.
Todo o concelho de Montalegre respira este ambiente histórico e pitoresco, como as várias casas senhoriais espalhadas pela região, que tão bem têm sido mantidas, muitas delas hoje em dia transformadas em unidades de alojamento turístico de qualidade.
Do seu importante património arquitetónico destaca-se o Castelo de Montalegre, uma das principais referências arquitetónicas do concelho, fundado no século XIII e reedificado em 1331; o Mosteiro de Pitões; a Ponte da Misarela; a Igreja Românica de S. Vicente; a Casa do Cerrado em Montalegre; o Paço de Vilar de Perdizes; a Torre do Boi de Travassos; a Igreja de Paredes; o Castro de Pedrário; a Casa do Navegador Cabrilho e os Monumentos Funerários Cista-Vila da Ponte.
O castelo de Montalegre tem o início da sua construção atribuída ao rei D. Afonso III, por volta de 1270, mas as obras continuaram nos reinados seguintes e ainda no reinado de D. Afonso IV, por volta de 1330, há referências a obras, nomeadamente à construção da Torre de Menagem.
As preocupações com esta fortificação justificavam-se com a necessidade de defesa da fronteira, do reino de Portugal, de que esta região fez parte a partir da independência e que ao longo de séculos foi ameaçada por Castela.
Após visitarmos o castelo visitamos a igreja do Castelo, uma das duas igrejas da zona medieval da vila. Esta igreja era a Matriz antes da construção da Igreja Nova.
Em seguida percorremos as ruas e ruelas da cidade e aproveitamos para descansar num dos cafés na zona histórica sobre os olhares das gentes da terra.
Posteriormente percorremos outras atrações do concelho de Montalegre e visitamos a aldeia de Paredes, onde nos deparamos coma Igreja matriz, os espigueiros, moinhos e casas rurais.
A Igreja paroquial maneirista datada do século XVIII, apresenta uma planta longitudinal composta por uma nave única, uma capela-mor retangular e uma torre sineira.
Também visitamos a Ponte da Misarela situa-se sobre o cristalino rio Rabagão, em pleno Gerês, na freguesia de Ferral.
Esta estrutura data provavelmente da época medieval, ou pelo menos de tradição arquitetónica medieval, enquadrada de forma espetacular na paisagem de densa vegetação.
A ponte está associada a uma já famosa lenda, onde o protagonista é o Diabo, daí que muitas vezes esta seja apelidada de “ponte do Diabo”. Reza a lenda que certo dia um criminoso ao fugir da justiça vê-se encurralado nos penhascos sobranceiros ao rio Rabagão. Em desespero, apelou, à ajuda do diabo, que acedeu, pedindo em troca a sua alma.
O diabo fez então aparecer uma Ponte ligando as margens do rio, passando então o criminoso, mas de seguida fazendo-a desaparecer, travando assim as autoridades.
O criminoso, arrependido, decide procurar um frade para ter a sua alma de volta. Obedecendo ao plano do frade, o criminoso volta ao lugar a pedir o auxílio do Diabo para a travessia, fazendo reaparecer a ponte. O frade benze então com água benta a Ponte, o penitente recupera a alma perdida e o diabo perde a mais uma batalha do bem contra o mal.
A ponte ficou então com um caráter sagrado, e ainda hoje se diz que se algo vai mal numa gravidez, deve a mulher pernoitar debaixo da ponte, e a primeira pessoa que pela manhã passar pela ponte deverá ser o padrinho ou madrinha da criança, que deverá receber o nome de Gervásio ou Senhorinha.
Regularmente vários Gervásios e Senhorinhas ali se reúnem desde há tempos remotos, para celebrar esta lenda, que talvez lhes tenha salvo a vida!
Outra atração local que visitamos foi a aldeia de Arcos, esta é uma região de antiga ocupação Humana, rica em vestígios arqueológicos, muitos deles datados do período de ocupação Romana do território. A região é caraterizada, também, pelas belas paisagens naturais, evidenciando-se um bem comum nesta área serrana: a água.
O ex-libris desta aldeia é a fonte romana que serviu a população de Arcos durante séculos, lado a lado com o importante Forno Comunitário, símbolo da comunidade rural, perfeitamente enquadrados nesta típica povoação serrana.
Por fim, visitamos a aldeia Pitões das Júnias que vou descrever no post seguinte, onde visitamos as casas típicas da aldeia, o Mosteiro, a cascata de pitões das Júnias e saboreamos a gastronomia local.
Na gastronomia de Montalegre destaca-se no Fumeiro, Presunto, Chouriça, Alheira, nas carnes a Vitela Barrosã, o Cabrito de Barroso assado ou estufado, Coelho do Monte, a Perdiz, o Cozido à Barrosã; as Trutas do Rio Cávado, ainda o Pão Centeio, o Folar e a Bica de Centeio e o Mel de Barroso. Aproveitamos o facto de visitarmos esta terra para comprarmos num talho a verdadeira posta de vitela Barrosã e alguns enchidos.
O concelho de Montalegre é digno de ser visitado, uma vez que está repleto de atrações, adorei as suas gentes e deliciei-me com a gastronomia local.
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