Miranda do Douro situa-se no distrito de Bragança e é considerada a “Cidade Museu” de Trás-os-Montes, esta mantém a sua traça medieval e renascentista.
Esta cidade, sede do concelho, está situada num espigão que domina a pique a margem direita do rio Douro, no troço internacional que separa a província Portuguesa de Trás-os-Montes da província espanhola de Castilla y León.
Com vestígios de presença humana desde remotos tempos, Miranda tem fortes raízes celtas e foi mesmo ocupada pelos Romanos.
Com uma posição estratégica importante, fronteiriça com Espanha, foi uma importante localidade na Idade Média.
A Vila de Miranda surgiu com o Rei D. Dinis que existia sobre as arribas do Douro e era banhado pelos rios Douro e Fresno.
É aquando do Tratado de Alcanices – celebrado entre D. Dinis, rei de Portugal, e Fernando IV, de Leão e Castela, que esta foi elevada à categoria de vila e aumentando-lhe os privilégios antigos. Um dos privilégios deste foral era Miranda nunca sair da coroa.
A partir desta altura, Miranda torna-se progressivamente na mais importante das vilas cercadas de Trás-os-Montes.
Situada numa região árida e de difíceis acessos durante muitos anos, a região de Miranda do Douro soube preservar as suas tradições e modos de vida num mundo cada vez mais desenvolvido. Testemunho disso é a própria língua, o Mirandês, património único na região, que tem sobrevivido à passagem do tempo incólume.
Quando cheguei ao centro da cidade estava na expetativa de ouvir falar mirandês, contudo isso não aconteceu. Com efeito, há cerca de quatro séculos que esta língua terá deixado de se falar na cidade, tornada episcopal em 1545 e alguns antes elevada a sede de comarca, sofrendo, por isso, um forte crescimento económico e demográfico, o que terá contribuído decisivamente para a substituição do mirandês pelo português.
De facto, todas as tradições são ainda hoje acarinhadas e mantidas na região, como é o caso do colorido folclore, com a famosa dança dos paus, dos Pauliteiros de Miranda, com o seu típico trajo de saias, acompanhada pelo toque da gaita de foles, uma herança da ocupação celta da região na Idade do Ferro.
A origem da dança dos Pauliteiros não reúne consenso entre os estudiosos que sobre ela se debruçaram. Esta terá nascido durante a idade do ferro, na Transilvânia, espalhando-se posteriormente pela Europa.
Na Terra de Miranda e em todo o Planalto Mirandês ainda hoje se celebram com bastante pureza no seu ritualismo original, as festas solsticiais de Inverno. São rituais de profundo significado mitológico, ritos de iniciação, “mitos do eterno retorno” cuja origem teremos que procurar muito longe no tempo.
Miranda do Douro tem um rico património natural, social e edificado, como são exemplo as suas bonitas casas antigas, o seu monumento mais imponente: a Sé (hoje Igreja de Santa Maria Maior) do século XVI, o Paço Episcopal, a Igreja dos Frades Trinos, a Igreja da Misericórdia, a Igreja de Santa Cruz, o Museu da Terra de Miranda, a Rua da Costanilha, o Castelo de Miranda do Douro, as Ruínas das Muralhas, o Penedo Amarelo a Barragem de Miranda do Douro, entre outros pontos de interesse.
A catedral foi edificada, ao que parece, no mesmo sítio onde antes se erguia a antiga Igreja de Santa Maria, mandada construir por D. Dinis. Com três naves, esta catedral possui uma arquitetura majestosa e um interior de grande riqueza e elegância, onde se pode encontrar uma verdadeira preciosidade, única no mundo cristão a imagem de «O Menino Jesus da Cartolinha» ou «Menino Jesus do Chapéu Alto».
Perto da Catedral encontramos o Penedo Amarelo, uma magnífica paisagem, de um amarelo bem vivo, quase a cair no Douro. No penedo conseguimos observar um enorme número dois, que mantém um dos mistérios das redondezas, que parece ter ido picado por uma mão humana.
Seguimos pelas ruas da cidade e passamos pela Rua da Costanilha, de origem medieval. A sua antiguidade remonta ao séc. XV.
Em seguida visitamos as Ruínas das Muralhas, a sua construção teve início nos finais do séc. XIII. Conserva apenas, parcialmente uma torre do séc. XV, a porta da traição, da Senhora do Amparo e o postigo.
Também visitamos o castelo que foi melhorado pelos primeiros reis portugueses, mas as diversas lutas, que se travaram nos anos seguintes, arruinaram-no, sendo necessária a sua reedificação no reinado de D. Dinis, por volta de 1280. A boa construção deste castelo fez com que resistisse aos sucessivos ataques castelhanos, no reinado de D. Fernando, que mandou cunhar moedas com um «M», sobre o escudo das quinas.
Outra atração local é a Gastronomia transmontana, é presença importante em Miranda do Douro, a sua Posta Mirandesa, a Bola Doce Mirandesa o Folar de Carne, os pratos de enchidos como a Alheira, as Rosquilhas ou o famoso Pão de Ló.
O concelho de Miranda do Douro é detentor de um vasto, diversificado e valioso património cultural e arquitetónico espalhado pelas suas freguesias, que continuam a preservar e divulgar parte da sua cultura.
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