8 de fevereiro de 2012

Arouca


Arouca é uma vila situada no distrito de Aveiro.

A vila é bastante antiga, provavelmente edificada pelos galo-celtas, quatro ou cinco séculos a.C. Uma cidade romana, de nome Arouca, Aruca, ou Areduta, foi aqui erguida por César Augusto em 34 a.C., tendo existido até 716, data após a qual foi destruída pelos muçulmanos.

Em 1102, o conde D. Henrique confrontou-se com o mouro Echa Martim naquela que viria a ser conhecida como a batalha de Arouca. A vila recebeu forais de D. Afonso Henriques, em 1151, de D. Afonso II, em 1217, e de D. Manuel, em 1513.

Iniciamos a nossa visita à vila de Arouca pelo centro da cidade, visitamos a capela da misericórdia, encravada entre uma casa particular e o antigo edifício da Câmara Municipal, cujos fundos foram também utilizados como cadeia da Comarca. É um edifício simples, tendo a descoberto apenas a fachada principal, e a torre sineira relativamente baixa, embora equilibrada em relação às dimensões da capela, constituindo um conjunto harmonioso. Foi mandada construir por devotos em 1612 e denominou-se, durante muito tempo, de Igreja da Misericórdia.



Depois de percorrermos as ruas da vila dirigimo-nos para o Mosteiro de Arouca, segundo a documentação existente, o antigo mosteiro de S. Pedro data do séc. X. No ano de 1210 o Mosteiro de Arouca é legado a D. Mafalda, por seu pai, D. Sancho I, Rei de Portugal. No entanto, o início do seu padroado ocorre apenas em 1217 ou mesmo 1220. Embora nos seus primórdios a regra adotada no Mosteiro tenha sido a da Ordem de S. Bento, no início do séc. XII viria a ser adotada a da Ordem de Cister, que se manteria até aos finais do séc. XIX.



A vida deste mosteiro foi marcada por D. Mafalda, filha de Sancho I, que em 1220, entra para o convento, aumentando o já influente papel do mosteiro na vida politica e administrativa da região, através de grandes doações feitas por esta rainha, que veio a ser beatificada e cujo túmulo ali se encontra.





O atual Mosteiro é o ex-líbris de Arouca, no seu interior podemos encontrar, a encimar a Igreja do convento que passou a matriz, o magnífico altar mor em talha dourada, que retrata uma época em que o ouro proveniente do Brasil, marcou presença na maioria dos templos religiosos do país e também de Arouca.



A Igreja é ainda ladeada por diversas esculturas de Santos e, do lado direito, encontra-se o altar em ébano, prata e cristal, que serve de túmulo à beata Mafalda, que o povo de Arouca elegeu como a sua Rainha e Santa e cuja festa é promovida anualmente em 2 de Maio, pela Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda. Este dia é também, desde 1946, o Feriado Municipal.






No interior do Mosteiro também se encontra o museu de Arte Sacra é, na sua área temática, um dos melhores e mais ricos do país, com peças únicas e que constituem inestimável património de Arouca e das suas gentes.




Em seguida visitamos o Memorial de Santo António que é considerado um dos mais significativos monumentos de género existentes do Norte de Portugal, datado do séc. XII, é de estilo românico.



Em Arouca situa-se o Geoparque Arouca que pretende valorizar os bens geológicos presentes no concelho, como a paisagem de xisto e granito da Serra da Freita, a Frecha da Mizarela, as quedas de água do rio Paiva, os fósseis de trilobites do Ordovício, e os vestígios de extração mineira do tempo romano.



Outra das grandes atrações de Arouca é a Serra da Freita, este é um ponto alto de Portugal Continental, com 1.085 metros de altitude máxima.



Percorremos os diferentes caminhos da serra que nos levaram a diferentes atrações naturais e paisagísticas.





Ao longo da sua vasta extensão, para além de muitos outros atrativos, deparamo-nos com a Fecha da Mizarela, a secular capela da Sra. da Lage, o fenómeno único das Pedras Parideiras, a Portela da Anta e algumas das aldeias mais caraterísticas da região, como a Castanheira, Cabreiros e Cando.





A Frecha da Mizarela é uma cascata que se localiza em pleno rochedo granítico do planalto da Serra da Freita, a uma altitude de cerca de 900 metros. É alimentada pelas águas do rio Caima e apresenta uma altura que ronda os 75 metros, sendo desta forma uma das mais altas da Europa, fora da Escandinávia.




Outro fenómeno natural fantástico são as Pedras Parideiras, fenómeno de granitização único no país e raríssimo no mundo inteiro. Trata-se de um afloramento granítico que tem incrustados nódulos envolvidos por uma capa de biotite em forma de disco biconvexo os quais, por efeito da erosão, se soltam da pedra-mãe - daí a denominação de "parideiras” .




As Pedras Parideiras simbolizam a fertilidade na tradição ancestral da região, esta tradição está ainda presente nas populações locais. Acredita-se que dormir com uma pedra parideira debaixo da almofada aumenta a fertilidade.

A Freita alberga também espécies faunísticas e florísticas raras, algumas mesmo em vias de extinção.

Esta serra é um paraíso fotográfico no qual vale bem a pena aproveitar o nascer do sol assim como os deliciosos fins de tarde no outono, no qual tornam a vegetação dourada.




Ao longo da extensão da serra também nos cruzamos com várias aldeias plenas de rusticidade, carregadas de tradição e de história, perdem-se, aqui e além, no meio das paisagens deslumbrantes das serras de Arouca, constituindo um encanto para a vista e um bálsamo para o espírito.



Uma das aldeias que visitamos foi o Merujal, aldeia pacata, localizada em plena serra da Freita e onde se situa a Capela de Nª Sr.ª da Lage.








Por fim, visitamos o Monte da Senhora da Mó, que se eleva à altitude de 711 m. Do seu cume desfruta-se uma deslumbrante vista panorâmica sobre o vale de Arouca. No seu ponto mais elevado existe uma capela dedicada a Nossa Sra. da Mó, de contornos muito caraterísticos e que se presume ser do séc. XVI.

No que se refere à gastronomia local, a doçaria conventual e senhorial de Arouca é uma requintada doçaria monástica e senhorial. Confecionada pelas casas senhoriais e pelas freiras, era considerada o ex-libris do convento: a sua continuidade foi preservada por transmissão familiar até aos presentes dias, utilizando os métodos ancestrais e o cariz e fórmulas primitivas

Pão-de-ló de Arouca. Entre os ingredientes utilizados, encontram-se os ovos, açúcar e amêndoas. São exemplos da doçaria conventual desta vila as castanhas doces, as roscas de amêndoa, as barrigas de freira, o manjar de língua, o pão de S. Bernardo, as morcelas e os charutos.

Arouca também é conhecida por ser um concelho onde se confecionam pratos de grande qualidade da carne de gado arouquês, raça bovina autóctone, nomeadamente a vitela assada no forno e os famosos bifes de Alvarenga.

Para saborearem um bom prato de carne arouquense aconselho o restaurante “Mira Freita” e o restaurante “Serrana da Freita”, este último serve um delicioso cabrito e uma deliciosa sobremesa regional.

O concelho de Arouca está repleto de paisagens naturais belíssimas e de atrações indubitáveis.


Sem comentários:

Enviar um comentário