Lamego é uma cidade do distrito de Viseu, sendo a segunda maior cidade do distrito.
Esta é considerada uma cidade histórica e monumental, pois possui uma grande quantidade de monumentos, igrejas e casas brasonadas, sendo também uma diocese portuguesa.
Cidade antiquíssima, datando já do tempo dos romanos, foi reconquistada definitivamente em 1057 por Fernando Magno de Leão aos mouros, Lamego foi inicialmente prevista como sede de distrito, mas nesse mesmo ano a sede do mesmo foi deslocada para Viseu, devido à sua posição mais central.
Foi em Lamego que teriam decorrido as lendárias Cortes de Lamego, onde teria sido feita a aclamação de D. Afonso Henriques como Rei de Portugal e se estabeleceram as "Regras de Sucessão ao Trono".
É sede da diocese de Lamego (a única diocese portuguesa que não corresponde a uma capital de distrito), e no concelho são numerosos os monumentos religiosos, dos quais se destacam a Sé Catedral, a Igreja de São Pedro de Balsemão e o Santuário da Nossa Senhora dos Remédios.
Todo o município está repleto de igrejas e capelinhas, pelourinhos, cruzeiros, aldeias históricas, pontes medievais e uma série de vestígios arqueológicos dos primeiros tempos do povoamento destas terras.
Percorremos o centro histórico da cidade e fizemos questão de o fazer a pé de forma a sentir a cultura e a história enraizada nas calçadas das ruas e ruelas.
Visitamos a Sé Catedral (Séc. XII), da antiga catedral romântica de Lamego resta a torre, na medida que a primitiva construção sofreu profundas alterações em mais do que uma época. As diversas reconstruções e acrescentos imprimiram-lhe uma variedade de estilos que se conjugam, tornando-a um dos mais belos monumentos da região.
Mais do que um espaço secular de oração, a Sé de Lamego é um verdadeiro museu onde estão guardados exemplares únicos da arte de diversas épocas. Destacam-se as abóbadas das três naves do interior, que foram pintadas pelo mestre italiano Nicolau Nasoni com cenas do Antigo Testamento. Crê-se que esta é a única obra de pintura desse artista, em Portugal, que sobreviveu ao tempo.
Considero que a Sé Catedral de Lamego é o ponto de visita obrigatória para quem visita a região, pelo seu significado histórico e cultural.
No centro da cidade também visitamos outras capelas e igrejas, entre elas a Igreja do Antigo Convento das Chagas (séc. XVI), a Igreja do Desterro (séc. XVII) e a Igreja de Santa Cruz (séc. XVII).
A igreja das Chagas é o que resta, no antigo Campo de Tablado, de um mosteiro de clarissas iniciado no ano de 1588. É apreciável o primitivo pórtico renascentista. No corpo central da igreja, merecem atenção os azulejos do séc. XVII, ocupando completamente as paredes laterais.
A Igreja do Desterro foi fundada em 1640 pelo bailio de Leça, D. Frei Luís Alvares de Távora, no lugar onde existia uma ermida e se venerava Nossa Senhora do Desterro.
Na fachada sobressai o emolduramento da porta de entrada, constituído por duas colunas coríntias. Por cima encontra-se o brasão do fundador.
No seu interior, pode-se admirar a verdadeira joia desta Igreja: a riquíssima e surpreendente talha dourada do séc. XVIII, obra de entalhadores lamecenses e o Sacrário do altar–mor, magnificamente esculpido em madeira.
A Igreja de Santa Cruz começou a ser edificada em 1596, no dia da Exaltação da Cruz do Redentor, no lugar que então se chamava "Vila de Rei", é um dos mais amplos templo de Lamego.
Se o exterior não nos atrai em requintes de lavor, ultrapassado o pórtico principal ficamos encantados pelo ambiente de luminosa paz e podemos deter-nos em ricos pormenores de arte dos séculos XVII e XVIII.
Na capela-mor, um belo retábulo seiscentista oferece-nos apreciáveis painéis evocativos da Descoberta da Santa Cruz e da Sua Exaltação: nas paredes laterais, admiramos valiosa decoração de azulejaria inspirada no Apocalipse e ao gosto setecentista, como também os azulejos representando jardins palacianos.
Contudo o ex-libris de Lamego é o Santuário e Escadório de Nossa Senhora dos Remédios edificado no século XVIII, no cume do Monte de Santo Estevão, em honra da Senhora dos Remédios.
O escadório, que se ergue desde o centro da cidade até ao cimo do Monte, está cheio de lugares sagrados e recantos surpreendentes. É provavelmente, o maior símbolo de devoção a Nossa Senhora dos Remédios. Em Setembro, dia e noite, Lamego vive intensamente a celebração da Romaria à sua padroeira.
Ainda no centro da cidade visitamos o castelo do séc. XII, esta primitiva fortificação pode remontar à época romana, mas o castelo existente quando se iniciou a reconquista cristã da península, faz crer que os árabes, pelo menos, reforçaram as suas defesas. Em 910, as forças da Galiza conquistam o castelo, mas voltaria a cair na mão dos árabes, e só em 1057, Fernando Magno, o consegue conquistar definitivamente.
Fora do centro da cidade encontramos a Capela de S. Pedro de Balsemão (séc. VII-X), situada mesmo ao lado do rio Balsemão.
Esta capela está classificada como Monumento Nacional, é o segundo templo mais antigo da Península Ibérica. Há quem diga que foi construída durante a dominação visigótica, mas há quem defenda que tem origem no século X.
De raro valor histórico e arqueológico, o templo, com três naves, possui duas peças do séc. XIV dignas de menção: uma escultura da Senhora do Ó esculpida em pedra de ançã e o túmulo do Bispo do Porto D. Afonso Pires, esculpido em granito.
Adorei a visita a esta capela a senhora que lá se encontra fez-nos uma visita guiada onde identificou os pormenores deste templo e narrou toda a sua história. Esta capela conserva grande parte da sua traça original e a grandiosidade do seu interior preserva o ambiente misterioso de épocas distantes.
As atrações de Lamego não se ficam pelos monumentos e pela história, mas também pela sua gastronomia, na qual se destacam os seus presuntos, o "cabrito assado com arroz de forno" e pela produção de vinhos, nomeadamente vinho do Porto, de cuja Região Demarcada faz parte, e pelos vinhos espumantes.
Sempre que visito Lamego compro uma bola de carne com os deliciosos enchidos regionais, na última visita decidimos almoçar pela cidade e fomos ao Restaurante “Trás da Sé”, comer um delicioso cabrito no forno e um arroz de salpicão. Este restaurante é muito acolhedor e serve uma comida caseira e saborosa.
Em suma, em Lamego encontramos história, tradição e uma forte herança cultural.
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