Óbidos é uma vila portuguesa no distrito de Leiria.
Ao contrário do que se possa pensar, o nome Óbidos não deriva da parónima óbitos, mas sim do termo latino oppidum, significando «cidadela», «cidade fortificada». Nas suas proximidades ergue-se a povoação romana de Eburobrittium.
Conquistada aos Mouros pelas tropas do primeiro Rei Português, D. Afonso Henriques, em 1148, foi doada em 1210 por D. Afonso II à Rainha D. Urraca, e posteriormente doada à Rainha Santa Isabel pelo seu marido, Rei D. Dinis, em 1281. Óbidos foi, até 1883, uma terra de rainhas, e talvez por isso tenha mantido o seu ambiente romântico e pitoresco tão bem preservado ao longo dos séculos.
Considero esta vila um local encantado, sempre que me desloco ao centro do país, faço questão de visitar esta cidade amuralhada que me reporta para a era medieval.
Iniciamos a nossa visita pela Porta da Vila, entrada principal, é encimada pela inscrição - «A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original» - mandada colocar pelo Rei D. João IV, em agradecimento pela proteção da Padroeira aquando da Restauração da Independência em 1640. No seu interior encontra-se a capela-oratório de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira da Vila, com varandim barroco e azulejos azuis e brancos (c.1740-1750) com motivos alegóricos à Paixão de Cristo, representando a Agonia de Jesus no Horto e a Prisão de Jesus.
Passando o arco deparamo-nos com o castelo ao fundo, onde as suas muralhas abraçam o casario branco com as suas faixas de cor azul ou amarelo e as suas flores coloridas que avivam o ambiente da vila.
Continuamos a passear por entre as ruelas estreitas e calcetadas, na Rua Direita encontramos comércio local, que presenteiam os turistas com artigos artesanais regionais.
Por entre os becos e ruelas fomo-nos deparando com vários locais de interesse como são exemplo a Capela de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja de São Pedro, a Igreja de Santa Maria, a Igreja da Misericórdia, a Capela de S. Martinho, e o interessante Museu Municipal que ostenta algumas das grandes obras de arte de Josefa d‘Óbidos.
A igreja de Santa Maria, igreja matriz, é o principal templo de Óbidos. Embora a tradição faça remontar a sua fundação ao período visigótico, transformada em mesquita no período muçulmano e novamente sagrada por D. Afonso Henriques logo após a conquista da Vila em 1148, o facto de se encontrar fora da primitiva cerca muralhada parece contrariar esta hipótese. O templo medieval foi profundamente reformado pela Rainha D. Leonor em finais do século XV, arrastando-se as obras pelo primeiro quartel do século XVI.
A igreja de São Pedro, de fundação Medieval, da sua construção inicial conserva apenas os vestígios do antigo portal gótico na fachada. Foi reformada na segunda metade do século XVI, como outras igrejas da Vila. Nesta igreja foi sepultada a pintora Josefa de Óbidos (1630-1684) e o Padre Francisco Rafael da Silveira Malhão (1794-1860), este com lápide evocativa na capela-mor.
No cimo da vila encontramos o castelo, atribui-se a este castelo origem romana, provavelmente assente num castro. Foi posteriormente fortificação sob o domínio árabe. Depois de conquistado pelos cristãos (1148) foi várias vezes reparado e ampliado. No reinado de D. Manuel I, o seu alcaide manda construir um paço e alterar algumas partes do castelo. O Paço sofreu fortes danos com o terramoto de 1755. No século XX estava em total ruína tendo sido recuperado para instalar a Pousada (a primeira pousada do Estado em edifício histórico).
Do alto deste Castelo, classificado como uma das sete maravilhas de Portugal, conseguimos alcançar um belo panorama sobre as áreas circundantes, abençoadas pela natureza.
Fora das muralhas apreciamos o aqueduto, mandado construir pela Rainha D. Catarina de Áustria, mulher de D. João III, tem 3 km de comprimento. A Rainha custeou integralmente a sua construção, recebendo em troca a várzea, que passou a ser conhecida como Várzea da Rainha.
Como referi anteriormente foram várias as visitas que realizei a esta vila, numa das visitas ficamos hospedados na residencial Louro, localiza-se fora das muralhas, contudo fica muito próximo da vila.
Em todas as viagens que realizo procuro visitar monumentos, ter um contato mais próximo com a natureza, bem como desfrutar das gastronomias locais. Deste modo, na vila de Óbidos aconselho o restaurante Petrarum domus, que tem um espaço acolhedor e uma ementa interessante.
Considero a histórica vila de Óbidos, um local onde estão escritas páginas de história e se respira um ambiente medieval que nos reporta para tempos longínquos.
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