A cidade de Mafra pertence ao distrito de Lisboa.
Vestígios arqueológicos sugerem que o povoado hoje denominado por Mafra foi habitado pelo menos desde o Neolítico. A origem do termo Mafra continua envolta em mistério, sabendo-se apenas que evoluiu de Mafara (1189), Malfora (1201) e Mafora (1288).
Mafra foi uma vila fortificada, podendo ainda hoje encontrar-se, na Rua das Tecedeiras, um pouco da muralha que a cercava.
Em 1147, Mafra é conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, e em 1189 a vila é doada pelo Rei D. Sancho I ao Bispo de Silves, D. Nicolau, que no ano seguinte lhe confere o primeiro foral.
A atração principal desta cidade é o Convento de Mafra, mandado edificar por D. João V em 1711, é o mais sumptuoso convento e monumento barroco português. É o paradigma do reinado mais rico da história de Portugal, graças ao ouro vindo do Brasil.
O monumento insere-se no denominado barroco joanino, e é inspirado no modelo espanhol e filipino de S. Lourenço do Escurial, numa articulação harmoniosa de três componentes distintas: palácio real, convento e igreja.
De todos os conventos e mosteiros que visitei este é sem dúvida o que mais aprecio, porque considero que os espaços se encontram muito bem preservados, favorecendo a vivência das épocas passadas.
Na parte norte deste monumento podemos encontrar a Colecção de Arte Sacra que possui objectos como relicários e lampadários, para além das maquetas das esculturas da Escola de Escultura de Mafra.
A Igreja do Palácio Nacional de Mafra ergue-se no centro da fachada, delimitada por duas altas torres sineiras de linhas sinuosas. O seu acesso é feito por uma escadaria e diversas rampas.
O interior da igreja é dividido em três naves e seis capelas laterais comunicantes. Harmoniosamente decorada, nela se pode observar um jogo colorido de mármores italianos e portugueses, em conjunto com a pedra do monumento.
O palácio foi mandado construir por D. João V na primeira metade do séc. XVIII, em consequência de um voto que o jovem rei fizera se a rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse descendência, o Palácio de Mafra é o mais significativo monumento do barroco em Portugal, integrando um Paço Real, uma Basílica, um Convento Franciscano e uma importante Biblioteca, síntese do saber enciclopédico do séc. XVIII.
O maior tesouro de Mafra é a biblioteca, com uma coleção de mais de 40 000 livros com encadernações em couro gravadas a ouro, incluindo uma primeira edição de Os Lusíadas de Luís de Camões.
No reinado de D. João VI o Palácio foi habitado durante todo o ano de 1807, antes da partida da corte para o Brasil, e a ele se deve a renovação decorativa de algumas das salas mais importantes.
A maior parte do tempo, todavia, o Palácio-Convento foi visitado apenas esporadicamente e o mesmo se passou depois de regressada a corte a Portugal. Daqui partiu para o exílio o último rei português, D. Manuel II, a 5 de Outubro de 1910, depois de proclamada a República.
Realizamos a visita ao convento, igreja e palácio com um guia que elucidou conteúdos históricos que contribuíram em grande dimensão para o meu desenvolvimento pessoal. Esta foi das visitas guiadas mais completas e enriquecedoras que realizei.
Depois de abandonarmos o convento e o palácio real de Mafra dirigimo-nos para a aldeia de José Franco, situada no Sobreiro, entre Mafra e a Ericeira.
José Franco nasceu em 1920. Os pais eram oleiros de profissão, fabricantes das pequenas cerâmicas que os camponeses da região utilizavam nas suas casas, e que também ele começou a fabricar e a vender à porta da sua pequena olaria e nas festas populares e feiras.
Por volta de 1945 José Franco sonhou que poderia, nas horas vagas, construir perto da casa em que vive e da sua oficina de oleiro um museu vivo da sua terra, uma espécie de um grande presépio, que reproduzisse os costumes e atividades laborais do tempo da sua infância e alguns aspetos e atividades da vida campesina.
Os espaços da aldeia são surpreendentes, José Franco não se coibiu de fazer renascer a sua velha sala de aulas, com as pequenas mesas em madeira, o imponente armário da professora, a ardósia; reproduziu a loja do barbeiro-dentista, a mercearia da Ti Helena entre outros ambientes que convidam os visitantes a viajarem no tempo.
Dentro da aldeia não deixamos de saborear o pão com chouriço, confeccionado no momento e servido quentinho.
Considero que esta deve ser uma paragem obrigatória, onde podemos apreciar uma das “aldeias” mais famosas do mundo.
Concluindo, a cidade de Mafra é caraterizada pela monumentalidade da sua história; a riqueza e diversidade do seu património natural e o modo de vida das suas gentes.
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