27 de abril de 2011

Belmonte - Aldeia Histórica de Portugal


A aldeia de Belmonte situa-se no Monte da Esperança, no vale conhecido por Cova da Beira, na margem esquerda do Rio Zêzere. Segundo a tradição, o seu nome advém do lugar onde está edificada (monte belo ou belo monte). As primeiras referências à vila estão associadas à história do grande concelho da Covilhã, com foral de 1186, mas depressa obteve foral próprio de D. Sancho I, em 1199. A partir do século XV, a história da vila funde-se com a própria história da família Cabral, seus alcaides-mor e adiantados da Beira. Belmonte foi o berço do navegador Pedro Álvares Cabral que em 1500 descobriu o Brasil. 


Em Belmonte fixou-se uma importante comunidade judaica, sobretudo no séc. XV, quando aqui se refugiaram judeus fugidos às perseguições movidas por Castela. Moravam em casas situadas fora das muralhas do castelo, no Bairro de Marrocos, onde ainda poderá ver os símbolos das profissões exercidas pelos membros da comunidade, como a tesoura que identifica o alfaiate, gravados nas ombreiras das portas.

 Na aldeia visitamos o Castelo, monumento Nacional formado pela Torre de Menagem, vestígios da antiga alcaidaría (Paço dos Cabrais) e um moderno anfiteatro ao ar livre, rodeado por imponentes muralhas. Não deixamos de subir à janela Manuelina, verdadeira jóia granítica, de onde apreciamos a Serra da Estrela em toda a sua extensão.


 Junto ao castelo encontramos uma pequena igreja romano-gótica dedicada a S. Tiago, que tem no interior uma Pietá esculpida em granito, comovente na sua beleza rude e simples. Um anexo à igreja abriga o panteão dos Cabrais, embora as cinzas de Pedro Álvares Cabral se encontrem na Igreja da Graça, em Santarém.


 Ao longo do percurso pela aldeia passamos pelo pelourinho o símbolo medieval de poder municipal que representa uma prensa, e pela Capela Gótica da Nossa senhora da Piedade, onde se encontra uma belíssima pietá, escultura gótica, monolítica, em granito da região, e pela sinagoga, um templo da comunidade judaica de Belmonte.


 Visitamos a Igreja Matriz, uma construção recente dos anos 40 que alberga a imagem quatrocentista de Nossa Senhora da Esperança que, segundo a tradição, é a santa que Pedro Álvares Cabral levou na sua viagem de descoberta do Brasil.
Encontramos o edifício Tulha, magnífico edifício de granito do século XVIII, onde eram armazenadas as rendas da família Cabral. Hoje encontra-se aí instalado o Eco-museu do Zêzere, uma estrutura que aborda o rio Zêzere numa perspectiva do seu património natural e cultural, privilegiando os aspectos ligados à fauna, flora, uso do solo e povoamento. Por fim vistamos o Museu Judaico de Belmonte, estrutura única no nosso País e o Museu do Azeite.




Fora da aldeia de Belmonte (na freguesia do Colmeal) visitamos as ruínas romanas Centum Cellas, cuja histórica deu origem a várias lendas e teorias.  


 Ao longo dos tempos várias atribuições foram dadas a estas ruínas, desde templo a prisão, ou mesmo albergaria, sabendo-se agora, após grandes estudos arqueológicos, que este terá sido um amplo conjunto estrutural, incluindo diversos compartimentos como salas, corredores, escadarias, caves e pátios, constituindo a Torre o espaço central.


Considero Belmonte uma aldeia repleta de mistérios e ao explorarmos os seus caminhos e monumentos envolvemo-nos nas histórias das gentes da terra.

Sem comentários:

Enviar um comentário