Terras de Bouro é uma bonita vila, sede do concelho mais rural do distrito de Braga. O concelho de Terras de Bouro, situado em pleno coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês é percorrido pelas bacias do Cávado e Homem, é riquíssimo em história, tradições e paisagens deslumbrantes.
Esta é uma região habitada pelo Homem desde tempos pré-históricos, rica em legados arqueológicos, como os de ocupação Romana, Sueva, Visigótica e Mourisca do território. De facto, pensa-se que o termo “Bouro” provirá de “Búrios“, povo Suevo de fortes tradições religiosas que viveu nesta região. Um dos principais marcos arqueológicos da região é a importante Via Romana que ligava Braga a Astorga, uma das mais importantes do território Ibérico, utilizada ainda na Idade Média como um dos caminhos de Santiago, encontrando-se mais de 30 marcos miliários Romanos.
O concelho é rico em património religioso e milhares de peregrinos e devotos visitam, ao longo de todo o ano, o recinto do Santuário de São Bento da Porta Aberta, situado à entrada da serra do Gerês, para cumprirem as mais variadas promessas e rogarem por novas benesses àquele que é tido como o maior santo milagreiro do Norte do País. O Santuário de São Bento da Porta Aberta popularizou-se até terras mais recônditas. As caminhadas e as romarias dos peregrinos nos dias de Festa, 21 de Março, 11 de Julho e, principalmente, 12 e 13 de Agosto fazem com que o religioso e o profano se cruzem numa simbiose rica e natural.
O Santuário de São Bento da Porta Aberta tem, segundo a tradição, origem numa ermida construída no local, por volta de 1640, cujas portas estavam sempre abertas, para servir de abrigo a quem passava. A construção do actual Santuário iniciou-se em 1880, e ficou concluída em 1895, caracteriza-se pelos painéis de azulejos da capela-mor, que retratam a vida de S. Bento, assim como pelo retábulo de talha dourada. O elevado número de peregrinos levou à construção de novas instalações perto do primitivo santuário, cujas obras foram concluídas em 2002, de que faz parte uma enfermaria para atendimento de peregrinos.
Iniciamos a visita partindo da Abadia, logo à saída encontramos a Gruta da aparição e mais acima as duas últimas capelas retangulares da Via - Sacra. Subindo a montanha, chegamos a Santa Isabel do Monte. Atravessamos a estrada, caminhamos em direção ao Formigueiro, onde, em 1920, foi encontrada a Imagem de S. Bento, que tinha desaparecido do Santuário. Continuando o percurso, entramos no Santuário de S. Bento, pelo lado do Parque.
Outra referência em termos de turismo religioso é o monumento de Bom Jesus das Mós, estrategicamente situado no alto de Carvalheira, ou monte das Mós de onde se vislumbra uma paisagem rural aberta, alcançando toda a freguesia e aldeias circundantes. A construção deste monumento, que invoca o Sagrado Coração de Jesus, começou em 1902 e concluiu-se em 1912.
Outra atração do concelho são os miradouros, espelho da beleza fantástica do Parque Nacional da Peneda-Gerês, o Miradouro da Pedra Bela, em Terras de Bouro, está situado a cerca de 800 metros de altitude.
Este é um dos locais mais famosos do Gerês, e uma vez avistando a paisagem, percebe-se instintivamente o porquê. Montanhas, a albufeira da Caniçada, os rios que serpenteiam a serra, a confluência do Rio Cávado com o rio Caldo, a vegetação própria desta serra, ou a estonteante Portela do Homem.
A Pedra Bela desde sempre encantou, dizendo os antigos que foi a mão divina que aqui a colocou, como que uma peça num presépio, perfeita e imponente.
Por toda a região encontram-se pequenas e encantadoras aldeias rurais, que parecem magicamente paradas no tempo, onde a tradição ainda reina, e a terra vai ofertando os seus frutos a quem sabiamente a cuida. Uma das aldeias que visitamos foi a aldeia de Brufe.
Brufe encontra-se na vertente da serra Amarela, em fronte com a freguesia de Carvalheira e a montante com a albufeira de Vilarinho das Furnas, onde outrora vigorou a aldeia comunitária de Vilarinho das Furnas.
A aldeia de Brufe revela um elevado património rural que denuncia o enraizamento de culturas e tradições peculiares, símbolo arcaico das comunidades oriundas dos territórios de montanha. O conjunto habitacional, organizou-se ao longo de terrenos acidentados e, hoje, constitui uma aldeia turística composta por construções arquitetonicamente simples, de sólidas paredes de alvenaria granítica e madeiramentos a ornar as varandas e janelas. Os espigueiros, eiras, sequeiras e moinhos-de-água perfazem um ambiente harmonioso, eminentemente rural.
Em Brufe fizemos uma pausa e almoçamos no restaurante “Abocanhado”, com uma vista magnifica para ma paisagem bucólica.
Após o almoço visitamos a barragem Vilarinho das Furnas alimentada pelo rio Homem.
Foi inaugurada em 1972, com uma altura de 94 m, situa-se na bacia hidrográfica do rio Cávado.
Antes da construção da barragem existia a aldeia Vilarinho das Furnas, desde1971 que esta aldeia está submersa pela albufeira da barragem.
Contudo, quando a barragem é esvaziada para limpeza ou quando desce o nível das águas em períodos de seca, podem ver-se ainda as casas, os caminhos e os muros da antiga aldeia.
Na gastronomia local temos o famoso Sarrabulho de Terras de Bouro, que atrai muitos turistas.
De forma, a espelhar a visita ao concelho de Terras do Bouro, termino com uma frase de Miguel Torga – “desfrutar da natureza, em toda a sua plenitude”, onde: "tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição" (Diário VII).
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