18 de fevereiro de 2011

Monsaraz

Monsaraz é uma vila que cresce sobre uma colina, protegida por um castelo da época da reconquista, no século XIV. É considerado um Património Nacional de Portugal.

Visitei a vila de Monsaraz quando fui a Évora. Quando delineie a viagem ao interior alentejano tinha nomeado várias cidades, mas não tinha considerado no roteiro a vila de Monsaraz, contudo, uma amiga aconselhou-me a visita à vila e às fortificações e considero que tenha sido a maior surpresa da viagem ao interior alentejano.


Mesmo antes de entrar na vila amuralhada, situada no cimo de uma colina, respirei fundo e apreciei a paisagem que envolve a vila, pensei “Espantoso”.




Após ter entrado na “portas da vila”, olhei ao redor e deixei que o meu imaginário recuasse até à época medieval. As casas, a calçada e os monumentos estão tão bem preservados que nos conduzem às eras transactas.

Esta é a porta mais característica de Monsaraz. É o acesso principal da Vila e a sua robusta estrutura defensiva está protegida por dois torreões semicilíndricos. O de poente, encimado pelo campanil do relógio (provavelmente construído no tempo de D. Pedro II), tem um tecto nervurado e no cimo da cúpula um sino.




Se percorrermos a vertente norte de Monsaraz partindo do sul para o norte, encontramos primeiro a porta de Évora.


Ao percorrer cada recanto da vila cruzava-me com os elementos medievais e seiscentistas.








Nas extremidades das muralhas deslumbrava-me com a paisagem, e o enlace das cores, do verde das árvores, com o castanho das planícies e o azul do rio.





Fui-me cruzando com vários monumentos igreja e capelas. Visitei a igreja Nossa Senhora da Lagoa, a igreja matriz que foi construída no séc. XVI para substituir a igreja gótica original que foi destruída por se encontrar contaminada pela peste. Esta igreja tem uma fachada simples com um painel de azulejos representando Nossa Senhora da Conceição, ladeado por duas fortes torres quadrangulares.

Também visitei os Antigos Paços da Audiência, edificado em meados do séc. XIV, durante os reinados de D. Dinis e D. Afonso IV, este edifício serviu para albergar os actos públicos da Vila de Monsaraz que até aí decorriam no adro da igreja matriz de Santa Maria do Castelo. Por volta dos sécs. XV/ XVI o edifício foi adaptado a cadeia, com a construção de um segundo piso, tendo sido parcialmente destruído aquando do terramoto de 1755.

Visitei a capela de S. José, capela barroca, situada no segundo piso com acesso através de escadaria estreita e íngreme sem corrimão, para poder servir de capela da antiga prisão que lhe fica fronteira.

Ao percorrer as ruelas também encontrei a Casa da Inquisição, de acordo com a tradição, este edifício era um local de tortura, onde os inquisidores julgavam os seus prisioneiros. Contudo, a falta de provas documentais leva a crer que provavelmente funcionava como um arquivo de processos ou uma prisão temporária antes de os prisioneiros serem enviados para Évora.

Reportando um pouco a história, esta vila medieval foi conquistada aos mouros em 1167. O seu castelo desempenhou ao longo dos séculos o papel de sentinela do Guadiana, vigiando a fronteira com Castela. A parte central do castelo é uma arena e a torre de mensagem está dividida em três andares, tendo sido o andar inferior utilizado como prisão, o andar do meio como Câmara Nobre da alcaidaria e o andar superior como arrecadação palaciana.




Fora da vila medieval e das suas fortificações encontramos a ermida de S. Bento, uma capela rural construída nos finais do séc. XVI e princípios do séc. XVII com a contribuição de vários moradores do Arrabalde da Vila.

Quando descemos da colina onde se encontra a vila medieval visitamos o Convento da Orada, este convento está ligado a D. Nuno Álvares Pereira que, de acordo com as tradições locais, rezou aqui antes de várias batalhas contra Castela.

                   

                     

A presença de mais de 150 monumentos megalíticos dá-nos o prazer de percorrermos histórias com mais de cinco mil anos. Dos vários monumentos existentes no concelho de Monsaraz visitei o Cromeleque do Xerez e a Rocha dos Namorados.



Diz a lenda que a Rocha dos namorados é considerada a pedra da fertilidade. Segundo arcaica tradição, ainda hoje existente, as raparigas solteiras, cumprindo um rito pagão de fertilidade, vão ali, pela Segunda-Feira de Páscoa, lançar uma pedra para cima do menir e consultá-lo relativamente ao seu casamento. Cada lançamento falhado representa um ano de espera. É um raro exemplo de idolatria que comprova uma evidente continuidade dos cultos relacionados com a fecundidade, aos quais, em tempos históricos, aparecem muitas vezes associados antas, menires ou simples pedras como esta.



Para finalizar a visita a Monsaraz decidimos almoçar na esplanada do restaurante mesmo na entrada da vila, do lado direito das “Postas da Vila”, onde saboreamos um delicioso porco preto com as típicas migas, ao som de “Vays com dios” e a contemplar uma esplêndida paisagem.

A Vila Medieval de Monsaraz ilustra um dos mais bonitos postais turísticos de Portugal.

Sem comentários:

Enviar um comentário