Visitei a cidade de Guimarães, situada no Distrito de Braga, uns dias após ter regressado de uma viagem pela Europa. Ao mesmo tempo que percorria as ruas do centro histórico, olhava à volta e reflectia sobre o belo património que possuímos em Portugal e sobre os motivos que levam tanta gente a viajar para o estrangeiro, não usufruindo dos belos recantos do seu país. Por pequenos instantes senti que era uma dessas pessoas, que viajava mais pela Europa, e que não contemplava tudo aquilo que o nosso país tem para nos presentear. Neste preciso momento sinto que já conheço uma pequena parte do nosso Portugal que me permite afirmar que conheço melhor o meu país que muitas cidades da Europa, ao contrário de muitos portugueses, que só conhecem a cidade onde nasceram e as únicas viagens que realizaram foi ao estrangeiro.
Não foi fortuitamente que senti necessidade de fazer estas reflexões a percorrer o centro histórico desta cidade, fi-lo porque olhei ao meu redor e senti que estava na cidade de serviu de berço ao nascimento de Portugal. O seu centro histórico está exemplarmente preservado, sendo este classificado como Património Mundial, pela Unesco.
D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, escolheu esta antiga cidade romana como capital do Reino de Portugal após a sua vitória na Batalha de São Mamede em 1128. Conhecida como “Berço da Nação”, Guimarães é um local fascinante para visitar, com o seu imponente castelo e o centro histórico medieval.
Esta cativante cidade histórica é um labirinto de vielas rodeadas por casas antigas que conduzem à bela praça principal, o Largo da Oliveira, e ao antigo Palácio Ducal.
O Largo da Oliveira, durante séculos, foi o coração do burgo vimaranense (de reis e nobres). São vários os monumentos que enquadram este recatado Largo, entre eles temos a igreja de Nossa Senhora da Oliveira que está assente sobre fundações de um primitivo mosteiro, do século IX. A Condessa de Mumadona fundou este Mosteiro, dedicado a Santa Maria de Guimarães, foi reconstruído pelo Conde D. Henrique e foi instituído em Colegiada pelo primeiro Rei de Portugal D. Afonso Henriques. Foi restaurada no reinado de D. João I para comemorar a sua vitória na Batalha de Aljubarrota, em 1385. É famosa pela torre em ornamentado estilo Manuelino.
No interior, a igreja é de três naves, separadas por três arcos de volta quebrada de cada lado, com restos de pinturas, quinhentistas talvez, a ouro. O altar e a decoração são neo-clássicos, mas ali se guarda o famoso sacrário indo-português, de prata.
Em frente a esta igreja encontra-se o Padrão do Salado, alpendre gótico erguido no reinado de D. Afonso IV para comemorar a Batalha do Salado, em 1340. Este monumento é único no país pela sua forma e arquitectura.
É um dos meus monumentos favorito na cidade, a primeira vez que o presenciei não consegui parar de comtemplar os seus pormenores, que são característicos do meu estilo favorito – Gótico.
É um dos meus monumentos favorito na cidade, a primeira vez que o presenciei não consegui parar de comtemplar os seus pormenores, que são característicos do meu estilo favorito – Gótico.
Neste largo também se encontra os antigos Paços do Concelho. A sua construção em arcos teve início no reinado de D. João I, século XIV tendo sido remodelada no século XVII. De destacar a escultura do século XIX de grandes dimensões que se encontra no centro da fachada principal, uma representação proveniente do antigo edifício da alfândega e que segundo a tradição simbolizaria o duplo contributo dos vimaranenses nas conquistas em África. Actualmente, nos Paços do Concelho funciona o Museu de Arte Primitiva Moderna.
Passando os claustros dos Paços do Conselho, chegamos à Praça de Santiago. Aqui, é indispensável uma paragem numa das esplanadas, para se saborear uma bebida ou até uma refeição. Aconselho a desfrutarem de um bom momento neste espaço, relaxarem e sentirem o ambiente histórico envolvente.
Em seguida embrenhei pelas ruelas do centro histórico e passei pela Rua Santa Maria, uma rua de origem medieval, que liga a praça da Oliveira ao Largo do Carmo. Foi durante séculos a rua mais importante de Guimarães e onde morava parte da sua elite.
O ex-libris da cidade é o imponente Castelo, que já tive oportunidade de falar do mesmo no post “7 Maravilhas de Portugal”, na medida que este foi classificado como uma das 7 Maravilhas de Portugal. Segundo a lenda, o primeiro rei de Portugal nasceu aqui. Os visitantes podem caminhar ao longo das muralhas do castelo e visitar a pequena capela românica de São Miguel, de acordo com a tradição, D. Afonso Henriques terá sido aqui baptizado.
Como cidade história Guimarães ainda tem vestígios das suas muralhas que envolviam a urbe vimaranense nos reinados de D. Dinis e D. João I. Alguns historiadores remetem as origens destas muralhas para o século X.
Foram várias as igrejas que me cruzei na cidade de Guimarães, entre elas a igreja da Consolação e Santos Passos, este imponente templo é rematado por duas torres acrescentadas em meados do séc. XIX, por um arquitecto do Porto. São também dessa época a escadaria e a balaustrada.
A igreja de São Pedro que foi mandada construir em 1737, junto às casas da Irmandade de São Pedro, apresentando uma arquitectura simples.
Visitei também outras igrejas como a igreja de S. Francisco, a igreja de S. Domingos, a igreja das Domínicas e o Convento Santa Marinha da Costa, sendo este último actualmente uma pousada.
Mais afastado do Centro da cidade temos o Santuário da Penha, situado no Monte da Penha, este santuário é uma obra construída quase toda ela em granito da região, com o objectivo de esta se integrar no ambiente que a rodeia. As suas linhas, modernas para altura, não seguem as formas tradicionais, sendo sempre linhas rectas, estando integrada no estilo "Art Deco" da década de 30.
O Monte da Penha oferece aos visitantes umas belas vistas panorâmicas sobre Guimarães. Para aí chegar, pode ir de teleférico, que proporciona não só uma cómoda alternativa aos transportes rodoviários como oferece uma bonita vista aérea da cidade.
A nível de Museus a cidade de Guimarães tem dois grandes Museus. O Museu de Alberto Sampaio que preserva uma das mais valiosas colecções de arte sacra, azulejos, prataria e escultura do país. São de particular interesse a túnica em cota de malha supostamente usada pelo Rei D. João I na Batalha de Aljubarrota e um tríptico em prata representando a Visitação, a Anunciação e o Nascimento de Cristo. E o Museu Martins Sarmento que é um dos mais antigos e mais importantes museus arqueológicos portugueses. Foi instituído em 1885, com o espólio desenterrado por Martins Sarmento nas prospecções que realizou na Citânia de Briteiros, no Castro de Sabroso e em inúmeros sítios arqueológicos do Noroeste de Portugal. Ao longo do tempo, foi enriquecido com os achados de escavações que promoveu e com diversos legados, possuindo hoje um acervo ímpar no contexto da Cultura Castreja do noroeste peninsular. Para além das colecções de arqueologia, o Museu possui importantes colecções de etnografia, numismática e arte contemporânea. A sede deste museu ocupa o claustro gótico e o jardim do extinto Convento de S. Domingos.
Fora do centro de Guimarães visitei o Santuário de são Torcato, em finais do séc. XIX foi iniciada a sua construção, um edifício em granito, com elementos de inspiração gótica, românica e clássica.
No interior da Igreja encontra-se o corpo incorrupto de S. Torcato, um dos primeiros evangelizadores da Península Ibérica no séc. VIII.
No que se refere à gastronomia temos como pratos típicos o cabrito assado, os rojões, o arroz de “pica no chão”, sopa de nabos, entre outros pratos.
De forma a desfrutarmos das iguarias locais, jantamos no restaurante “Histórico by Papa Boa”, aconselho este restaurante, tem um ambiente muito agradável e a comida é deliciosa.
Guimarães irá ser a Capital Europeia da Cultura em 2012, celebrando o evento com uma grande variedade de espectáculos, eventos e exposições.
Aquando da vossa visita a esta cidade histórica apurem os sentidos, de forma a desfrutarem dos encantos que esta nos obsequeia.
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