6 de dezembro de 2011

Caminha



A antiga vila fortificada de Caminha debruça-se sobre o rio Minho, é fronteiriça com Espanha e é rica em património histórico e arquitetónico. A vila é atraente, com as suas casas senhoriais e muralhas defensivas que parecem sussurrar contos e lendas, a Igreja Matriz em estilo gótico e a simpática praça central com os seus cafés e esplanadas, a Torre do Relógio (século XV), o chafariz renascentista e o Solar dos Pitas.

Na região existem diversos monumentos megalíticos, tendo a cultura Castreja deixado uma forte herança. Suevos e Romanos deixaram também a sua marca, estes últimos dotando a região de pontes, caminhos e outros monumentos.

Caminha era um ponto avançado na estratégia militar Portuguesa na luta contra castelhanos e leoneses, e o seu Porto foi de grande importância até meados do século XVI, servindo nos dias de hoje mormente para a ligação por ferry-boat a Espanha, na margem oposta. Diversas lutas e conflitos foram travados nestas paragens, tendo mesmo durante a 2ª Invasão francesa, em Fevereiro de 1809, sido atacada pelas tropas do Marechal Soult. A ajuda do povo às poucas tropas do tenente-coronel Champalimaud, impediu os franceses de entrar em Caminha. Uma defesa que constitui uma página brilhante de estratégia militar.

Caminha é um concelho com um rico património histórico de natureza religiosa, militar ou civil. Assim, iniciamos a nossa visita pela zona histórica contornando as muralhas da cidade. As muralhas mais antigas de Caminha datam do século XIII, do reinado de D. Afonso III. Mas é no século XVII, na sequência das guerras da Restauração, que são construídos os baluartes da fortaleza. Os muros que delas restam, algumas dezenas de metros de cintura amuralhada, são em parte medievais e em parte setecentistas.




Em seguida visitamos a igreja Matriz, o ex-libris da cidade, um símbolo de fé e persistência dos caminhenses. Iniciada em 1488, no reinado de D. João IV, a sua construção prolongou-se por mais de sessenta anos. A nível estrutural, insere-se no estilo gótico, embora já se notem alguns traços renascentistas.




Continuamos o nosso percurso pelas ruas da cidade e fomos nos deparando com algumas casas senhoriais.






Chegamos à praça principal e nesta apreciamos a Igreja da Misericórdia, construída no século XVI. Trata-se de uma igreja renascentista de planta longitudinal composta por uma única nave e capela-mor de planta rectangular. No século XVIII, foi redecorado o interior com talha dourada em estilo barroco e rococó. Num dos altares destaca-se a imagem de Sta. Rita de Cássia, a padroeira de Caminha.







Nessa mesma praça encontramos o Paços do concelho e a Torre do Relógio, que é parte integrante das muralhas, mandadas construir no século XII. A Torre do Relógio é a única torre que existe em toda a sua pureza. Voltada a sul, esta torre designava-se Porta de Viana, por constituir uma saída em direção a Viana do Castelo. Após a Restauração D. João IV mandou colocar sobre a porta uma imagem de pedra da Virgem da Conceição. Em 1673 no cimo da torre foi colocado o relógio que lhe viria a dar o nome. 




No centro da praça rodeado de movimento situa-se o Chafariz que é uma notável obra de arte que embeleza o largo do Terreiro. Foi mandado construir em 1551, devido a não haver uma fonte pública em Caminha.



Das várias casas senhoriais que nos defrontamos destaco a Casa dos Pitas, este palácio urbano obedece a uma tipologia comum no século XVII, de planta retangular que se desenvolve horizontalmente. Insere-se num revivalismo da arquitetura manuelina A sua construção decorreu entre os anos de 1649 a 1652.

Depois de percorrermos as ruas históricas da cidade decidimos visitar as atrações fora do centro, assim avistamos o Forte da Ínsua, localizado no ilhéu da Ínsua, na freguesia de Moledo. Este ilhéu foi inicialmente ocupado por uma comunidade franciscana no século XIV, altura em que construíram o convento de Santa Maria da Ínsua. Também deste período deverá datar a primeira fortaleza, mas da qual nada resta. A fortaleza tal como hoje a conhecemos data do século XVII, do reinado de D. João IV.

Seguidamente dirigimo-nos para o Mosteiro de S. João d`Arga situado no topo da Serra de Arga dispondo de uma ampla visibilidade sobre o rio Minho. Embora seja desconhecida a data da sua fundação, as suas características apontam para os finais do século XIII. Esta construção de arquitetura românica insere-se no grupo das pequenas igrejas rurais, de nave única e curta, com capela-mor de planta quadrangular e panos murários muito robustos.

Também percorremos os vários miradouros (o da Fraga, o do Calvário e da Nossa Senhora das Neves), de forma a contemplar a bela vista para o rio Minho.



Por fim, deslocamo-nos à freguesia de Lanhelas de forma a apreciarmos o grandioso Cruzeiro da Independência. De todos os cruzeiros existentes na freguesia, é sem dúvida o mais importante, quer pelo tamanho gigantesco que possui, quer pelo significado que tem para todos os lanhelenses.
Trata-se de um monumento comemorativo das guerras da independência. Justaposto a um moinho de vento, este monumento, símbolo e referência da freguesia de Lanhelas, visa celebrar a famosa data de 23 de Abril de 1644, que ficou na história, em que os habitantes de Lanhelas se defenderam, com valentia, da investida espanhola.



Gastronomicamente os pratos típicos de Caminha são o arroz ou cabidela de lampreia, sável de escabeche frito e a os mariscos em geral.

O concelho de Caminha é rico em termos ambientais, paisagísticos, recursos naturais, patrimoniais, culturais e gastronómicos, proporcionando aos turistas uma visita memorável.


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