27 de agosto de 2013

Montemor-o-Velho



Montemor-o-Velho é uma vila situada no Distrito de Coimbra, esta tem vestígios de ocupação humana desde o período Neolítico, contando com uma rica e longa história, de forte legado patrimonial. 

O ex-libris deste concelho é o castelo de Montemor-o-Velho. Na sua encosta, virada a sul, há um encantador emaranhado de ruelas, becos e escadinhas. O património religioso é bastante evidente, tendo sempre por companhia o rio Mondego. 



A vila de Montemor-o-Velho é de origem muito antiga, pois vários achados arqueológicos confirmam a ocupação deste lugar já no tempo da dominação romana. Confirma-se, também, a hipótese de ter sido ocupada pelos visigodos.



No século VIII, com a ocupação dos mouros e com o consequente período de lutas, o castelo de Montemor-o-Velho foi um ponto estratégico fulcral.





O Castelo de Montemor-o-Velho é a maior fortaleza medieval da linha do Mondego e uma das maiores do país. Foi edificado, possivelmente, no século X, sendo remodelado por D. Afonso VI de Castela. No século XIV, o castelo sofreu uma reforma profunda. 

Do aproveitamento do espaço entre a cortina norte de muralhas e a torre de menagem surge o castelejo. No seu interior ergue-se a Igreja de Santa Maria da Alcáçova. No lado nascente foi construída a Torre de menagem com aberturas ogivais, dois pisos e estrutura quadrada. Aquilo que resta do Palácio das Infantas fica próximo da cerca principal. Provavelmente terá tido uma última reforma da responsabilidade de D. Urraca, na época manuelina. A cerca nova foi elevada no lado norte que terá servido para proteção das gentes campesinas e seus gados. É neste espaço que se pode ver o que resta da Capela de São João, ligada à lenda do Abade João. Próxima fica a torre que alberga o relógio da vila. Este castelo surge como uma das fortificações portuguesas de maior envergadura tendo representado um papel fundamental durante a reconquista cristã que resgatou o território aos árabes. Nos inícios da nacionalidade foi também um importante polo dinamizador do repovoamento da área do Baixo Mondego. O Castelo está classificado como Monumento Nacional desde 1910.







Palco de muitas lutas, não só com os árabes, mas também devido às disputas entre os príncipes e reis de Portugal, e até nas invasões francesas, foi sendo reparado, ampliado e modificado ao logo dos séculos, mas se alguma coisa marca a história desta fortaleza, é o facto nela ter sido decidida a morte de Inês de Castro.

Como foi descrito anteriormente dentro do castelo situa-se o Palácio das Infantas, este é de origem medieval e possuía alguns elementos manuelinos, este está localizado na parte sudeste das muralhas do castelo. 




Atribui-se a D. Urraca, mulher de D. Raimundo, a sua edificação e aqui habitaram infantas, reis e rainhas, nomeadamente as Infantas D. Teresa, D. Branca, D. Sancha e D. Mafalda, D. Afonso III, D. Afonso IV, a Rainha Santa Isabel, os cavaleiros da Ordem do Templo que abandonaram o Castelo de Soure, os ministros de D. Afonso IV, D. João I, D. Manuel I, D. João III, Infante D. Pedro, D. António Prior do Crato e alguns dos alcaides. Sofreu a sua última reforma na época manuelina, avançando sobre a linha da barbacã. Nos primórdios do século XX, visava-se uma janela manuelina com vestígios da coluna central e de cantaria rendilhada e, nos anos 40, sob alegação de ameaçar ruína, demoliu-se o que restava da velha residência senhorial, onde D. Afonso IV cedeu à pressão dos seus ministros e ordenou a morte de Inês de Castro.

Dentro das muralhas encontramos também a Igreja de Santa Maria de Alcáçova de estilo manuelino, de feição naturalista, com influência renascentista. Guarda três retábulos, sendo o principal do século XVII, e os secundários, quinhentistas. A pia baptismal, renascença, é também do século XVI.






Fora das muralhas deparamo-nos com as ruínas da Igreja de Santa Maria Madalena que está ligada à barbacã sul do Castelo de Montemor-o-Velho e é um templo do século XIII. Pertenceu ao padroado real e foi sede de uma das antigas paróquias da vila. A porta principal é simples, com arco quebrado, equilátero, datada do século XV. À sua esquerda, eleva-se um campanário manuelino. Em frente à porta travessa e, no interior, há uma mísula manuelina com ornatos em cordas.




Outra ruina que encontramos foi a Capela de Santo António, localizada próximo da torre do relógio. Na opinião de alguns autores, a sua edificação data de 1079, por ordem de D. Sisnando, Governador de Coimbra. Funcionou como primeira matriz da freguesia do Salvador e ali foi sepultado o famoso Guterres Pais, ilustre fidalgo que viveu e reformou Montemor-o-Velho na época da reconquista cristã e repovoamento. Sofreu reformas no séc. XVI (há autores que afirmam que foi edificada nesta altura) e ainda no séc. XIX (1881), perdendo o seu carácter primitivo.




Depois de visitarmos o castelo realizamos um percurso pela vila onde nos deparamos com o Pórtico do Solar dos Pinas. Este apresenta características barrocas não só no tipo de elementos decorativos utilizados (brasão e terminação das colunas) como na própria organização dos suportes. Este portal pertence aos Solar da família Pina, de onde se destacam as figuras de Fernão de Pina e Rui de Pina. Entre os descendentes encontra-se Lopes Fernandes de Pina que veio a casar em Montemor-o-Velho com Leonor Gonçalves, filha de Pedro Gonçalves, cavaleiro-vassalo do rei D. João I e mulher Maria de Góis. 



Região igualmente rica em termos gastronómicos, em Montemor-o-Velho encontramos uma ementa bem variada, desde o arroz de lampreia, o sável frito, as aves de capoeira, tudo acompanhado pela famosa broa, terminando em pleno com os doces conventuais tão presentes nesta região, como os pastéis de Tentúgal, as queijadas de Pereira e de Tentúgal, os papos de anjo e as barrigas de freira, ou mesmo as espigas doces de Montemor-o-Velho, e o arroz doce. 

Podemos concluir que em Montemor-o-Velho encontramos um legado histórico marcado pelas pegadas do tempo e indiscutivelmente encantador.


1 comentário:

  1. Agradecia informação sobre os ultimos proprietários do Solar dos Pinas.

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