No começo do ano de 2011 retomei o meu percurso pelas aldeias históricas de Portugal e visitei Trancoso.
Trancoso integra o distrito da Guarda. Com um castelo majestoso, que se destaca com harmonia de uma linha circular de muralhas, assim é delimitado o seu Centro Histórico.
Com um património único edificado intramuros, obtém-se assim um sumptuoso conjunto fortificado que lhe permitiu aceder à restrita classificação de Aldeia Histórica de Portugal.
D. Afonso Henriques conquista-a em 1139, sendo que no ano seguinte quase sucumbe às mãos de Abul Hassan. Reza a história que o convento de S. João de Tarouca foi edificado para celebrar esta vitória. A vila serviu de núcleo habitacional judaico, criado no século XIV, e, quando em 1543, o Tribunal do Santo Ofício ali fez uma devassa verificou-se a fuga de 170 cristãos novos.
O castelo de Trancoso não tem uma origem bem definida, mas já devia existir quando os muçulmanos ocuparam a península, procedendo ao reforço das suas defesas, que não foram suficientes para se defenderem do rei de Leão, Fernando Magno, que reconquistou o castelo por volta de 1057.
D. Afonso Henriques doou Trancoso à Ordem do Templo, por volta de 1173, época em que as defesas da vila conheceram grandes melhorias, acreditando-se que seja deste período a construção da primeira muralha da vila.
Foi em Trancoso que D. Dinis se casou com D. Isabel de Aragão, em 1282, sendo também, este rei, responsável pela ampliação da cerca da vila, de que são exemplo as monumentais portas.
Ao aproximarmo-nos das muralhas vislumbramos o admirável cartão-de-visita da cidade, as Portas d’El Rei. Dentro do centro histórico os interesses dividem-se entre a antiga Judiaria, os Paços do Concelho, o Pelourinho Manuelino, a Igreja da Misericórdia e a Igreja de S. Pedro onde está sepultado o poeta-profeta Bandarra, a casa-quartel do General Beresford, o Palácio Ducal, a Igreja de Santa Maria de Guimarães, a Rua dos Cavaleiros e o Castelo medieval.
Quase no final do nosso percurso dentro das muralhas, fomos abordados por uma aldeã que não conteve a curiosidade em saber se já tínhamos saboreado a especialidade gastronómica da cidade “Sardinhas Doces”. Respondemos que não tínhamos conhecimento dessa especialidade, contudo não sairíamos de Trancoso sem provar esse doce local. Dirigimo-nos a uma casa de produtos artesanais, mas confesso que não tive audácia de provar as Sardinhas doces, como não gosto de sardinhas, não consegui superar a lembrança do sabor da sardinha. Hoje arrependo-me de não ter experimentado a especialidade local.
Em suma, percorrer as muralhas de Trancoso, permite absorver passagens históricas e alcançar horizontes vastos e admiráveis.
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