Ao longo da minha caminhada foram inúmeras as aldeias que percorri, a visita a Piodão foi realizada no ano de 2010, a expectativa de conhecer a aldeia aumentava a cada passo que me aproximava da terra perdida nos recantos de Portugal.
A Aldeia de Piódão pertencente ao concelho de Arganil e situa-se na encosta da Serra do Açor.
As suas casas de pedra descem de socalco em socalco ao sabor do monte, formando uma encantadora paisagem se assemelhando a um presépio – nome por também é conhecida.
A aldeia ter-se-á desenvolvido de um anterior Castro lusitano “Casal de Piodam”, hoje em dias em ruínas, que terá sabiamente aproveitado e aperfeiçoado a agricultura em socalcos.
Na época medieval, provavelmente no século XIII, surgiu um pequeno povoado que recebeu o nome de Casas Piódão. Posteriormente foi transferido para a sua actual localização, em virtude da instalação de um mosteiro Cister, Abadia da Ordem de São Bernardo, do qual não restam vestígios.
O azul que pinta as portas e janelas é outro dos mistérios ainda por resolver. Ninguém sabe ao certo a razão. São várias as explicações, mas a mais conhecida prende-se com o isolamento da aldeia e com a chegada de uma lata de tinta azul. Não havendo escolha, o azul impôs-se e é actualmente parte integrante do conjunto arquitectónico da aldeia do Piódão. O contraste entre o negro das casas de xisto e o branco da sua Igreja Matriz é uma das características mais marcantes da aldeia.
Podemos afirmar que o maior monumento de Piódão é a aldeia no seu todo, mas a Igreja Matriz (século XVII), dedicada a N. Sr.ª da Conceição que foi construída no séc. XVII e reconstruída no final do séc. XIX também é o seu ex-líbris. A sua arquitectura é composta por quatro finas torres cilíndricas rematadas por cones. No centro ao cimo, encontra-se a imagem da santa padroeira.
A arquitectura singular das casas da aldeia confere-lhe um ambiente algo anacrónico, mas sem dúvida nostálgico.
A disposição das casas numa encosta abrigada é típica de um povoamento medieval irregular de montanha, que certamente cresceu à medida que a população ia aumentando. Actualmente, a povoação consiste num aglomerado de casas de xisto semelhantes entre si (parecem ter sido todas construídas de uma só vez), que se estende pelo morro em forma de altar, com todas as suas ruelas calcetadas em xisto ou talhadas na rocha. Pelo meio passa uma levada, onde a água corre por força da gravidade.
Por cima de muitas das portas existem ainda pequenas cruzes que, acredita-se, afastam as trovoadas. No Domingo de Ramos os fiéis levam um ramo de oliveira para benzer e, nas noites de tempestade, fazem com ele uma cruz que colocam em cima das brasas da lareira ou da entrada de casa, invocando, deste modo, a protecção de Santa Bárbara.
Ao percorrermos as ruelas estreitas e rústicas fomos descobrindo algumas atracções, como a Igreja de São Pedro, a Capela das Almas, a Fonte dos Algares e a Eira.
Os acessos à aldeia são difíceis, um excelente exemplo de como o ser humano se adaptou ao longo dos séculos aos mais desabrigados locais.
Ao percorrermos os íngremes e rústicos caminhos até chegar à aldeia presépio cruzamo-nos com várias cores projectadas pela natureza, desde montes, cascatas que escorrem dos socalcos íngremes da serra, cerejeiras, entre outras.
Piódão oferece hoje em dia uma boa oferta turística, com alojamento, restauração, e diversas lojas com o que de mais tradicional se produz na aldeia, entre artesanato, licores, mel, pão ou outros deliciosos produtos gastronómicos.
Esta singular aldeia é enlaçada por um imenso verde que serve de moldura às casas sustentadas por socalcos, espelhando uma paisagem digna de postal.
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