22 de junho de 2014

História da cidade do Porto





«Antiga, mui Nobre sempre Leal e Invicta cidade do Porto»

O Porto é a minha cidade, a cidade que invade o meu coração, que enaltece os meus sentidos, que encanta os meus olhos. Por estes motivos vou dedicar alguns post's à minha cidade, vou começar por relembrar a sua história, depois as suas tradições, os seus magníficos monumentos e as suas gentes.

Esta é a cidade que deu o nome a Portugal – desde muito cedo (c. 200 a.C.), quando se designava de Portus Cale, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense, de onde se formou Portugal e de onde, mais tarde, se construiu o Império Português, visto que foi construído, maioritariamente, por pessoas da Região Norte. É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seu vinho, pelas suas pontes e arquitectura contemporânea e antiga, e pelo seu centro histórico, classificado como Património Mundial pela UNESCO. 

Segue-se um pouco da história desta cidade:

"Há muito, muito tempo, quase nos primórdios da civilização, havia um lugar ao qual chamaram Porto por ser de paragem obrigatória às gentes que viajavam no território. Nesse lugar havia um rio chamado Douro por ter em si muitas e belas riquezas. A terminologia da palavra aponta para “portus”, a porta, topónimo que traduz a vida comercial e o desejo de um povo pioneiro na descoberta do desconhecido·
A constituição das suas origens como cidade data do ano 417.·
No ano de 868, Vímara Peres, fundador da terra portugalense, teve uma importante contribuição na conquista do território aos Mouros, restaurando assim a cidade de Portucale.
Ao longo dos séculos foram vários os seus governantes, citando-se entre outros os Suevos, os Godos, e mesmo os Mouros que por aqui passaram até ao reinado d’El Rei D. Afonso I de cognome o Católico. 

Nas vicissitudes da Reconquista conhece por várias vezes a destruição até à praia onde desembarcavam e embarcavam mercadorias. Trepando em direcção ao burgo, lá no alto, seguindo os traçados que rumam a Braga, a Guimarães e Trás-os-Montes e ao Olival.
Em 1111, D. Teresa, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o facto de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal.
Depois de ter sido nomeada bispado e ter sido entregue a D. Hugo o burgo foi sempre crescendo, quer dentro dos muros, quer nas imediações da cidade. Estendendo-se pela Ribeira.
A crescente importância económica do burgo episcopal começa a despertar a cobiça dos poderosos e com eles a dos reis. E as lutas começam. As disputas entre reis e bispos pelo controlo dos recursos da cidade, nomeadamente dos rendimentos da actividade portuária permanecem chamados até ao reinado de D. João I, quando acordou com a Mitra a passagem definitiva do senhorio. 

Entretanto a cidade continua a crescer e é no reinado de D. Afonso IV que é mandado edificar uma cinta de muralhas destinadas a proteger o pequeno burgo, esses muros ou muralhas que circundavam e defendiam o velho burgo portucalense existiam ainda no século XVII, da sua constituição faziam parte as portas: a Porta dos Carros, de Santo Elói, do Olival, da Esperança, do Sol e a Porta Nobre. 

No seu percurso a porta principal era o Arco de Vandoma, situado a nascente do citado burgo e a encostar no largo da Sé e na rua Chã daí inclinava o muro monte abaixo, ladeando as escadas das verdades onde se encontrava a Porta das Mentiras, aqui o muro torneava o Alto do Barredo e angulava o rio da vila que desaguava a descoberto na rua de S. João, que hoje em dia ainda conserva o mesmo nome, rasgando o arco de Sant’ana das Aldas e o arco de S. Sebastião onde recurvando fechava o circuito do muro, muro este que é mais conhecido por Muralha Fernandina.

Cedo o Porto demonstrou o seu grande potencial na construção naval, quer a nível industrial, quer comercial. A esse potencial não são alheias as ligações inquebráveis que o Porto possui com o Douro e com o Atlântico.

Assim pelo século XIV adiante foi o Porto o principal centro português de construções navais.

Foi dentro dos muros da cidade que se efectuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade orgulha-se de ter sido o berço do infante D. Henrique, o navegador.

Envolto nos enredos do mar, lançado na imensidão dos oceanos em busca de novas paragens, navios, marinheiros e população integraram interesses e esforços de muitas formas e, logo aquando da expedição à conquista de Ceuta, o infante D. Henrique, nascido na Invicta, ali organiza uma formosa esquadra que levou a juntar-se ao rei que esperava em Lisboa antes de partirem par o Norte de África.

E foi por tal empenhamento que os portuenses receberam a alcunha de Tripeiros, pois segundo contam, o comprometimento do povo levou a que fornecessem as naus e galeras com as carnes ficando apenas as tripas como alimento dos que por cá ficaram.

Como louvores dos feitos prestados, muitos foram os portuenses que inscreveram os seus nomes na história.

Ao longo da história o Porto foi sempre muito cobiçado, pelas riquezas, privilégios, autonomia e tradição que o caracterizavam, mas com o Foral Manuelino  de 20 de Junho de 1517 o Porto perdeu grande parte dos seus privilégios, sendo D. Manuel considerado o rei inimigo, que deu inicio à mesquinha, absurda e funesta política da centralização dos poderes e serviços. Contudo o povo portuense sempre honrou o seu carácter colectivo, através do seu espírito de independência e o seu amor à liberdade.·
Muito marcada pelo desaire do período filipino, é já no século XVIII que de novo atinge as alturas dos pergaminhos de cidade empreendedora. Renovando as industrias correlativas derivadas das velhas actividades mercantis de cabotagem e longo curso.

Mas o engrandecimento da cidade não resplandece apenas nas actividades comerciais, expandindo-se às artes, como é o barroco nasoniano marcado em alguns templos da cidade. "Uma das características deste estilo é o recurso à policromia e à exuberância das formas, bem como a conjugação de revestimentos a ouro com a pintura e o azulejo criando ambientes de rara beleza."

Em 1755 o Porto é marcado por um terramoto que apenas provocou pequenos estragos, na sequência da reconstrução de Lisboa, a influência inglesa e a acção dos Almadas, trazem para a cidade um surto de engrandecimento admirável.
Sobrecarregada com a crise da tecelagem, mas apoiada no comércio do vinho do Alto Douro, trazido rio abaixo e embarcado no Porto, facto que se traduziu no nome pelo qual esse vinho é conhecido, a cidade vê aumentar ainda mais o seu núcleo populacional com colónias de ingleses e outros europeus que se estabeleceram e radicaram na cidade.

No século XIX o Porto é massivamente modernizado através de novas ideias, riqueza acrescida, força empreendedora, um deslumbrante escol de gente de saber, políticos, capitais e sobretudo a inegável força popular, afeita ao trabalho, resistente e ciosa dos seus pergaminhos de independência e liberdade.

Os portuenses intervêm repetidas vezes nos próprios destinos políticos da Pátria. Sofreram a ocupação dos invasores, não se aquietando na sua expulsão, retendo-lhes as ideias mais benéficas, não admitindo tutelas, defendendo-se com armas, vidas e bens.

Com uma determinação impar, a cidade foi crescendo, organizando-se administrativa, financeira e culturalmente, constituindo-se numa capital regional que ainda hoje é.

Ao longo do século XX o cunho que a caracterizou sempre manteve-se e hoje a cidade está populacional mente estabilizada.

Dela partiram as primeiras acções republicanas, sendo simultaneamente um dos grandes pilares políticos e económicos do País. E ainda foi o pólo de crescimento industrial significativo quer internamente, quer nas regiões vizinhas.

Assim falar do Porto é começar sem nunca conseguir terminar de relatar todos os seus feitos, tradições, costumes, belezas...

A cidade velha de séculos, contrastante com o fervilhar de actividades e ideias não se pode nunca destituir das gentes que lhe dão vida, carácter e cunho.

Gentes de linguagem marcada, sonora e garrida, trabalhadora e entusiasta, vibrante com seus ídolos desportivos, áspera e livre na crítica e jubilosa nos folguedos.

O Porto congrega, cria, difunde densos cambiantes de contrastes sendo por isto o símbolo portuguesíssimo de um progresso que não se envergonha do passado mas nele sustenta o futuro.

Por tudo isto é considerada a mais imponente cidade do Norte merecendo a justa classificação de Património Mundial."

Fonte: http://www.portoxxi.com/cultura/ver_folha.php?id=22


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