Santiago de Compostela é o mostruário da Galiza. Capital da comunidade autónoma, cidade que sabe combinar a tradição e a modernidade. Tradição patente tanto no seu legado cultural, de inigualável valor, declarado património da humanidade em 1985 pela Unesco, e na sua vinculação ao meio rural circundante, podendo definir-se ainda hoje, e apesar do grande desenvolvimento dos últimos anos, como a mais rural de todas as cidades da Galiza.
Santiago surge com o descobrimento do túmulo do Apóstolo Santiago, origem em que se misturam lendas de vilas romanas, castros celtas, luminárias milagrosas, barcas de pedra e perversos dragões. O que foi demonstrado pela história foi a existência do bispo Teodomiro de Iria Flavia, que no ano 814 visita o lugar e certifica que nele se encontra o sepulcro de Santiago o Maior, narrando a milagrosa chegada dos seus restos a Compostela.
A partir desse momento começam a chegar os peregrinos, criando-se pouco a pouco um itinerário que cedo passa a ser conhecido como Caminho de Santiago.
Foram várias as visitas que realizei a Santiago de Compostela, não me canso de o fazer, porque adoro o movimento que encontro nesta cidade, bem como a paz espiritual que alcanço na sua catedral.
Contudo, como recordar é viver, no mês de Julho decidimos voltar a Santiago de Compostela e reviver os momentos vivenciados nesta cidade.
Iniciamos a visita na praça de San Martiño Pinario, onde se ergue a magnífica fachada renascentista do convento que lhe dá o nome, aos pés da qual se situa uma excepcional escadaria barroca de dupla entrada.
Seguimos pela rua da Moeda Vella e chegámos à Praça da Inmaculada, onde se encontra a fachada principal do convento, o maior da Galiza, e a fachada norte da Catedral, de estilo neoclássico.
Daqui dirigimo-nos para a Praça da Quintana, onde se encontra a Porta Santa da catedral. Trata-se de um espaço sóbrio, e ao mesmo tempo acolhedor. A sua escadaria é o lugar ideal para o visitante se sentar a descansar e a observar o animado ambiente urbano.
Entramos na Catedral pela fachada da Praça das Praterías, na qual se destaca a Fonte dos Cavalos e o pórtico do séc. XII, e já no interior encontramo-nos com o esplendor românico das suas naves e do deambulatório. Visitamos a cripta do Apóstolo, abraçamos o santo no baldaquino central e visitamos as diferentes capelas.
Antes de abandonar o templo, contemplamos o majestoso Pórtico da Glória e descemos até à Praça do Obradoiro, espectacular cenário arquitectónico, com o Hospital Real (Hostal dos Reis Católicos), de estilo plateresco; o Palácio de Raxoi, neoclássico com toques de Versalhes, hoje partilhado pelo governo local de Santiago e pela Xunta de Galicia; o Palácio de San Xerome, com o seu pórtico do séc. XV, sede da reitoria da Universidade; e a própria fachada barroca da catedral, obra de Fernando de Casas, que remata o conjunto da praça.
Contudo a fachada da catedral que mais me encanta é a Acibechería, tanto de dia ou de noite considero uma vista monumental.
Também visitamos o convento de San Francisco, o actual edifício data do séc. XVI, embora se conservem alguns restos góticos, merecendo especial destaque o seu claustro.
O movimento e o encanto da cidade de noite é contagiante, deste modo, jantamos numa nas ruelas estreitas e movimentadas da cidade, de forma a contemplar os monumentos com o brilho da lua.
No dia seguinte voltamos às ruas históricas e à catedral para realizar uma visita imperdível – percorrer os telhados da catedral.
O visitante de Santiago não deve perder a oportunidade de subir aos telhados da Catedral. A visita aos telhados do templo era já recomendada no Códex Calixtinus para poder apreciar toda a sua beleza. Desde os telhados da catedral pode-se apreciar uma grande parte do conjunto histórico e da parte nova da cidade, bem como dos arredores de Santiago, desde o Monte Pedroso até ao Monte do Gozo, o que a converte num miradouro excepcional. Desde cima, podemos compreender melhor Santiago, tornando-se a cidade mais verdadeira e mais mítica. Nos telhados da catedral podemos ver a Cruz dos Farrapos, aos pés da qual os peregrinos medievais queimavam as roupas gastas no caminho, numa espécie de ritual purificador. Este é também o lugar ideal para apreciar as diferentes fases da construção do templo e os variados estilos arquitectónicos utilizados para conseguir o majestoso resultado final. A visita guiada foi de grande utilidade, uma vez que tivemos contacto com a história da catedral e da cidade.
Considero Santiago de Compostela uma cidade monumental, acolhedora e repleta de misticismo.
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