25 de fevereiro de 2011

Ourense

Ourense nasceu como a cidade do ouro e da água. Inclusive o seu nome se deve a esse facto já que os romanos, fundadores do local, baptizaram a área como Aquae Aurente.

Ourense é uma das cidades mais importante do interior da Galiza, sendo actualmente a sua principal atracção turística as fontes termais que atraem inúmeros visitantes à procura tanto de relaxamento quanto tratamentos medicinais através das águas ferventes ricas em minerais.

A minha visita a Ourense não foi de forma a usufruir das fontes termais, mas sim uma visita cultural, que me levou a conhecer o Centro histórico desta cidade e as suas atracções.

A maior atracção e símbolo da cidade são “As Burgas” são fontes de águas termais (a temperatura varia entre 60ºC e 67ºC) e que possuem poderes medicinais (dizem que é bom para problemas respiratórios e dermatológicos).

Na cidade encontram-se 3 fontes conhecidas como as Burgas de baixo (séc. XIX), do meio (séc. XX) e de cima (séc. XVII), além dos belos jardins floridos que se encontram perto da fonte de baixo.

Outras atracções do Centro Histórico de Ourense são a presença de diversas obras, construções e monumentos dedicados ao catolicismo - igrejas, estátuas, cruzeiros, entre outras belas representações da religiosidade do povo galego.

Merecem especial atenção a Igreja de Santa Maria com sua fachada em estilo barroco, a Igreja de Santa Eufémia, a antiga Igreja da Santíssima Trindade (séc. XII e XIII), a Igreja de Santo Domingo e a Igreja de São Francisco. Além das igrejas, existem diversos cruzeiros espalhados pela cidade com destaque para o cruzeiro barroco presente na Praça Madalena e o para o cruzeiro que fica ao lado da Igreja da Santíssima Trindade que data do século XV.

Outro local de interesse no Centro Histórico de Ourense é a Praza Mayor. Nesta praça encontramos o Ayuntamiento (Câmara Municipal) e o Museu Arqueológico.



A Catedral de Ourense (Catedral de San Martin) é a principal atracção do Centro Histórico da cidade, tendo sua construção iniciada entre os séculos XII e XIII. A Catedral é cercada por bonitos pórticos e casas fidalgas.


Esse templo possui um estilo românico de transição com elementos góticos. No seu interior, destacam-se a Capela Maior, a Capela de Santo Cristo, o Claustro Novo que abriga o Museu Catedrático e o Pórtico do Paraíso.

Ourense é uma digna representante do estilo galego com as suas ruas e casas de pedra.



A cidade também possui muitas áreas verdes tanto no seu centro como no redor. Uma das áreas mais bonitas e bem tratadas da cidade de Ourense é o Parque Barbaña. Este possui belos jardins com áreas recreativas tanto para crianças quanto para adultos.

Encontramos um outro parque que se situa ao lado do Rio Minho entre as Pontes Nova e Velha.

Próximo a Igreja da Santíssima Trindade encontramos os Jardins do Posío, este antigo Jardim Botânico conta com diversas espécies trazidas do Jardim Botânico de Madrid.

Outro parque que se encontra bem na região central de Ourense é o Parque de San Lázaro. Esse parque é o mais frequentado da cidade pois está situado numa região que conta com importantes edifícios.

Também percorremos o passeio fluvial que fica na margem direita do rio Minho e que é uma óptima escolha para uma caminhada ou simplesmente para relaxar num dos seus bancos.

Outras atracções do passeio fluvial do rio Minho são as suas belas pontes e travessias.

A mais recente e moderna delas é a Ponte do Milénio. Essa ponte é uma obra do arquitecto Álvaro Varela e o seu grande destaque se deve à passagem pedestre na qual é necessário subir em torno de 100 degraus para atingir o seu topo, que se encontra a uns 20 metros de altura e que proporciona belas vistas aérea da cidade de Ourense.

Ao contrário da modernidade da Ponte do Milénio, a Ponte Romana é um exemplo claro da passagem do Império Romano pela região. Também conhecida como Ponte Velha, da primeira ponte só foram conservadas algumas pedras que estão na base da actual ponte. No século XIII ela foi reconstruída, tomando a forma actual com seus 7 arcos pontiagudos.

O que caracteriza e diferencia esta cidade são sem dúvida alguma das suas Termas.

Nos últimos anos, Ourense tem investido bastante na infra-estrutura e na divulgação das Termas com o objectivo de tornar a cidade uma referência neste âmbito, atraindo muitos turistas, principalmente da 3ª idade.

Na cidade de Ourense explorei várias das suas atracções turísticas, mas é um destino para voltar, na medida que não usufrui dos benefícios das suas Termas.

23 de fevereiro de 2011

Ponferrada


Após a visita a Astorga dirigimo-nos a Ponferrada, optamos por seguir os caminhos montanhosos, em vez de seguir por auto-estradas. Considero que tenha sido a melhor decisão, uma vez que passamos por caminhos magníficos e paisagens esplendidas, que são impossíveis de descrever numa folha de papel.
As ruas estreitas envolvidas pelas montanhas, com os cumes repletos de neve, retratam uma imagem digna de postal. Fizemos questão de parar nas bermas da estrada para apreciarmos com tranquilidade a paisagem de “cortar a respiração”. Senti o vento na face, ouvi o som das águas no fundo das montanhas e penetrei na paisagem, tocando com as mãos nas montanhas voluptuosas e nos seus cumes de neve branca e gélida.





Alternando com paisagens naturais íamos cruzando-nos com aldeias rústicas e de aparência medieval. Percorremos inúmeras aldeias, com os seus balcões de madeira característicos e os seus telhados de lousa.






Parámos na aldeia de Compludo, e apreciamos o impressionante mosteiro construído por São Frutuoso, no século XVII e visitamos também a Ferraria que foi construída na Idade Média e ainda hoje exerce funções. Ao longo do passeio pela aldeia fui encontrando placas alusivas aos Templários.



Continuamos a nossa viagem a caminho do centro do Ponferrada, mas antes decidimos visitar a aldeia de Peñalba de Santiago. O trajecto até à aldeia foi realizado mais uma vez pelo meio da montanha e por caminhos muito estreitos, os montes com cumes de neve cada vez ficavam mais próximos e o entusiasmo crescia. Quando chegamos à aldeia deparamos com um cenário deslumbrante – a aldeia estava situada no meio das montanhas e os cumes com neve branca faziam parte do enquadramento da aldeia. Começamos a visita ainda de dia, com céu azul e terminamos quase a anoitecer. A tranquilidade da aldeia, o cheiro de lareira e a textura das casas fazia com que aprimorássemos os sentidos. Fiquei maravilhada com tal encanto e deslumbre.







Chegamos à zona histórica de Ponferrada já de noite, ficamos alojados no Hotel Aroi Bierzo Plaza, mesmo no centro do Calle histórico, em frente ao Ayuntamineto, o que permitiu que visitássemos as ruelas e os monumentos da cidade à noite.

Ponferrada é uma cidade, município e capital da comarca de El Bierzo situada na província de León e por sua vez esta na comunidade autónoma de Castilla y León.

Ainda que existam indícios de povoamentos tanto no Neolítico, nas margens do Sil, como na Idade do Ferro e na época romana, é apenas desde o século XI que a povoação se encontra documentada. No final desse século, o Bispo Osmundo ordena a construção de uma ponte, no ano 1082, para os peregrinos do Caminho de Santiago, devido à difícil travessia do Rio Sil. Tendo sido reforçada com ferro, daí virá o nome que será dado à povoação que cresce em seu redor, nas margens do rio Sil.

Ponferrada foi  inicialmente dirigida pelos Templários, que se encarregavam da defesa do Caminho de Santiago.

Jantamos no Restaurante La Violeta, uma refeição deliciosa, desde as entradas à sobremesa.

No dia a seguir visitamos a zona histórica de Ponferrada, começando pela praça do Ayuntamiento, de design barroco e pela torre do relógio, uma vez que se situavam a passos do hotel onde estávamos hospedados.

A torre do relógio dá acesso a uma rua com Museus e com casas típicas, caracterizadas pelos seus balcões.



Em seguida visitamos a Basílica de Nuestra Señora de la Encina, uma igreja do século XVI com influências góticas e renascentistas. Perto do Castelo dos Templário também visitamos a igreja San Andrés.

O Castelo dos Templários foi construído originalmente pelos romanos e depois reconstruído pelos Templários. Considero um Castelo muito bobito, mas idealizava a sua localização no cimo de uma colina, isolado da povoação e este está situado mesmo na zona histórica, à face de uma estrada.




Após visitarmos a zona histórica de Ponferrada dirigimo-nos para Las Médulas, que ficam a 24 Km da cidade.

A caminho de Las Médulas fomos parando para apreciarmos as aldeias e paisagens que nos cruzávamos. Ao longo do caminho fomos encontrando árvores esculpidas, formando estátuas de madeira, eram fantásticas e algumas alusivas aos templários.



Alguns quilómetros depois, montanha acima, chega-se finalmente a Las Médulas, mais especificamente ao Miradouro de Orellán.

Las Médulas são os restos de uma exploração mineira de ouro da época romana, nas imediações do povoado de mesmo nome. Os grandes trabalhos de engenharia realizados para a exploração do minério provocaram uma grande destruição do meio ambiente, mas teve como resultado uma paisagem grandiosa e espectacular de rochas avermelhadas, perfeitamente integradas com a vegetação de castanheiros e carvalhos. Foi declarado Património da Humanidade da UNESCO em 1997.

Antes de subirmos ao Miradouro de Orellán fomos visitar a aldeia de Las Médulas e a sua igreja. Esta é uma aldeia muito aconchegante, envolvidas pela paisagem de rochas avermelhadas integradas na vegetação.




Chegados ao Miradouro de Orellán andamos 500 metros a pé e apreciamos a bela vista, não há foto que retrate a beleza da paisagem.


No fim desta viagem à província de León conclui que “É bom viver”, como diria o amigo João. Esta vai ser sem dúvida uma viagem a recordar!

20 de fevereiro de 2011

Astorga


Astorga fica situada a apenas 48 km de León, esta é a segunda maior cidade da província com um esplendido património histórico e monumental.

Astorga teve grande importância durante a ocupação romana e conservou a sua influência durante a Idade Média graças ao facto de a rota francesa do Caminho de Santiago e a Rota da Prata (Via de la Plata) convergirem em Astorga.

Visitei Astorga no dia a seguir de ter visitado o centro histórico de León. Antes de entrar nas muralhas fiquei encantada com a vista para os monumentos que se situam dentro das muralhas. Parei e contemplei a paisagem sentido que estava num local encantado, daqueles que se assiste nos filmes. As muralhas altas e imponentes, junto com a Catedral e o Palácio de Gaudi reflectem um cenário mágico.




Após entrar nas muralhas dirigimo-nos ao Palácio de Episcopal, um edifício projectado pelo arquitecto Antoni Gaudí, ao estilo do modernismo catalão. Construído em granito cinzento, o edifício tem uma fachada que apresenta quatro torres cilíndricas, e está rodeada por um fosso. O edifício nunca foi utilizado para o fim para o qual foi construído e é hoje sede do Museu dos Caminhos (de Santiago).



Como todas as obras de Gaudi este Palácio é deslumbrante, remetendo o nosso imaginário para um conto de Fadas.

Perto do Palácio situa-se a Catedral de Santa Maria, que começou a sua construção no século XV e terminou no século XVIII, por isso tem uma mistura do estilo barroco, renascentista e estilo gótico. É uma catedral esplêndida, com pormenores fantásticos, que nos obrigam a observá-los vezes sem conta.






Dentro das muralhas percorremos as ruas do centro histórico e fomos nos cruzando com outros monumentos e igrejas, visitamos a igreja Santa Marta e a San Bartolomé, esta última é uma imponente igreja com vários estilos, devido ao facto de ter sido reconstruída e reformada várias vezes.



No fim da rua onde se encontra a Igreja San Bartolomé situa-se um dos muitos monumentos romanos espalhados pela cidade, encontra-se protegido por uma cobertura onde se situam os restos de uma villa a Domus do Urso e dos Pássaros, nome que advém dos belíssimos mosaicos que ainda se podem ver no local.

Na Plaza Mayor encontramos um belo edifício barroco do séc. XVII – o Ayuntamiento. Na minha opinião é o Ayuntamiento mais encantador que já visitei.


A finalizar a visita dentro das muralhas da cidade visitei o Seminário Diocesano, construído no século XVII, que contém um claustro, projectado pelo Gaudí e visitei o Convento e Igreja San Francisco.

 Hoje Astorga é considerada a capital do Maragatos, na área de León, e é particularmente famosa pelas suas Cocido de Maragato e pelos doces – Mantecadas.

A visita a Astorga foi fascinante deixei-me levar pelos fascínios dos monumentos e desfrutei de um belo dia nesta cidade de encantar.

Em Astorga não visitei apenas a zona histórica dentro das muralhas, mas visitei também uma das suas aldeias - Castrillo de los Polvazares. Uma pequena aldeia com apenas 80 habitantes, onde as casas e ruelas estão tão bem preservadas que nos remetem a séculos passados. A sua igreja medieval é outro dos monumentos da aldeia que é fascinante.





Esta aldeia calma, pacata e deslumbrante preencheu-me o espírito de entusiasmo e de motivação para continuar a viagem pela província de León.

León

León faz parte da região de Castilla y León e geograficamente é uma das províncias com elementos mais diversificados de toda a Espanha, com montanhas altas - coberta de neve no inverno - penhascos íngremes e vales abrigados por lagos e desfiladeiros, por um lado, tem planícies regada por muitos rios. A província de León é caracterizada por ondulantes campos, montanhas e aldeias pitorescas.

A minha viagem a León foi realizada em pleno Inverno, no mês de Dezembro, considero que tenha sido uma época adequada para visitar esta região, na medida que é uma zona montanhosa que acumula neve nos seus cumes, retratando paisagens deslumbrantes.

Em León visitamos a zona histórica da cidade, bem como os arredores da região, que vou retratar em próximos post’s.

Na zona histórica começámos por visitar a Casa de Botines, projectada no século XIX pelo famoso Gaudí. As torres das laterais deste monumento fazem lembrar um castelo de conto de fadas.


Em seguida percorremos as ruas iluminadas com os enfeites de Natal e repletas de gente até chegar à majestosa Catedral de León. Esta admirável catedral gótica foi construída no século XII com duas torres cobertas com belas esculturas. No seu interior possui maravilhosos vitrais tão impressionantes à noite, quando a catedral fica iluminada, assim como de dia. O Museu no interior da catedral tem uma interessante colecção de pinturas e esculturas.


 
Perto da Catedral, encontramos a Basílica de San Isidoro, uma igreja românica. No seu interior possui um interessante museu, com esculturas, obras de arte, tecidos medievais e o magnifico panteão Real, onde num total de 23 reis e rainhas de León, 12 príncipes e princesas e 9 condes estão sepultados.


Perto da Basílica San Isidoro observamos as fortes e imponentes muralhas romanas.


Voltamos a percorrer as ruelas da zona histórica até à Plaza Mayor. Considerei-a pequena comparada com as plazas Mayores de outras cidades que Espanha que visitei. Nesta encontramos o Ayuntamiento que estava bem iluminado.


Enquanto percorríamos o calle histórico fomos passando por vários palácios, entre eles o Palacio de los Guzmanes, um edifício do século XVI de luxo com um pátio interior muito bonito, actualmente este edifício serve de sede ao parlamento provincial.

Também visitamos a Fundação Vela Zanetti, esta mansão do século XII abriga a colecção de obras do artista de renome internacional Vela Zanetti, que, embora tenha nascido em Burgos, viveu a maior parte de sua vida em León.

O Musac foi outro dos museus que visitamos, neste consta uma galeria de arte moderna impressionante com exposições de conhecidos e internacionais de artistas espanhóis.

Um pouco fora da zona histórica visitamos o Parador de León, uma das jóias da cidade. Este magnífico edifício foi originalmente uma pousada construída para abrigar os peregrinos no Caminho de Santiago. No século XV foi convertido em um mosteiro, no século XVII era usado como prisão e durante a Guerra Civil Espanhola serviu como quartel do exército. Hoje é um dos mais impressionantes hotéis de Espanha. Parte do edifício é o Museu Arqueológico de León.





A diversidade geográfica da província de León reflecte-se na gastronomia - carnes assadas, guisados - nomeadamente os maragatos cocidos - de pimentão vermelho assado, linguiça preta, batatas, chouriços e truta são todas as especialidades da área de Castilla Leon.

O que mais me fascinou nesta província, não foi a cidade de León em si, mas as zonas envolventes e os espaços montanhosos e verdejantes.